Apesar dos imensos desafios vividos durante a pandemia de COVID-19, 69% dos professores no Brasil acreditam que sua profissão passou a ser mais valorizada após a pandemia. É o que mostrou o “Estudo sobre uso de tecnologias na educação” realizado pela BlinkLearning, que está na sexta edição e, que, pela primeira vez, conta com dados do Brasil.
Foram ouvidos 4926 professores na América Latina e Espanha, sendo 388 no Brasil. O objetivo do estudo é fornecer uma ampla gama de dados, indicadores e perspectivas que ajudem a entender melhor a evolução da integração das ferramentas digitais na educação dos países envolvidos.
Dentre os docentes brasileiros indagados, 39% entendem que, caso fossem melhor remunerados, seriam mais bem percebidos pela sociedade de uma forma geral. A questão salarial aparece também ligada à motivação dos profissionais. 35% acreditam que salários mais altos são importantes para deixá-los mais motivados, enquanto 20% se sentiriam estimulados se tivessem mais tempo para preparar as aulas e perdessem menos tempo com burocracias. Por outro lado, mesmo diante da situação adversa do COVID, 60% declaram que se mantiveram motivados para realizar seu trabalho durante esse período.
Fora do contexto COVID-19, para 61% dos professores brasileiros o maior desafio na utilização de tecnologias na educação é a conectividade, tanto em sala de aula como em casa, no ensino à distância. Em alguns países da América Latina, os problemas com conectividade chegam a 80% na visão dos professores da Argentina e Peru e 78% da Colômbia. Enquanto na Espanha, o número é de 41%.
Além desta dificuldade, também mereceram destaque a falta de formação dos professores para o uso das tecnologias (46%), seguido da carência de dispositivos individuais para os alunos (46%) e a dificuldade de adaptação do processo de aprendizagem educativo ao uso das tecnologias.
Paralelamente, quando perguntados sobre o que mais motiva os estudantes durante as aulas, as respostas estão diretamente ligadas ao uso de tecnologias. 56% dos participantes citaram conteúdos interativos e dinâmicos, 40% a possibilidade de uma aprendizagem mais personalizada, ativa e autónoma e 39% acesso a informações variadas, atualizadas e em tempo real.
“Quando comparamos os fatores que mais estimulam os estudantes na aprendizagem, os quais estão diretamente ligados ao uso de tecnologias, com a realidade estrutural nessa área e de formação de professores, percebemos que existe um caminho longo e urgente a ser seguido. Investimentos em capacitação dos docentes, equipamentos e conexão de rede são fundamentais”, afirma Gabriel Meirelles, Gerente Nacional da BlinkLearning para o Brasil.
De acordo com a pesquisa, 63% dos alunos têm acesso a aparelhos celulares particulares. No entanto, apenas 11% têm acesso a um laptop (móvel) e 9% a um desktop (fixo).
Para os professores, os principais desafios para melhorar a educação são: garantir acesso a recursos e infraestrutura (42%), melhorar suas condições de trabalho (34%) e desenvolver competência digital de estudantes e professores (32%).
“No que se refere ao repentino e inesperado ensino remoto adotado pelas instituições de ensino, em face à pandemia, é importante destacar o papel imprescindível da tecnologia aliado ao esforço dos professores e um exercício de reaprender a ensinar para que o distanciamento da sala de aula física não significasse o distanciamento do processo de aprendizagem”, diz Silvia Vampré Ferreira Marchetto, coordenadora de Tecnologia Educacional do Colégio Bandeirante em São Paulo. “As lições aprendidas poderão potencialmente mudar a maneira como ensinamos e aprendemos”.
Para se ter uma ideia, 55% dos respondentes disseram que não usavam “nunca” tecnologias nas aulas ou “apenas algumas vezes durante o mês”, antes da pandemia. Durante o período de aulas remotas, essa realidade mudou. 52% relataram usar “diariamente em todas suas turmas” e 24% em “momentos específicos”. Os docentes também perceberam (43%) que a profissão de docente foi valorizada com o impacto do COVID-19.