Viver nos Estados Unidos e dar início a uma nova vida no país conhecido como o mais livre do mundo é o desejo de muitos brasileiros. No entanto, esse fato faz com que diversos exploradores se aproveitem do sonho de alguns para conseguir algum lucro de forma fácil.
Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados e sócio do LeeToledo PLLC, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, relata que, ao conversar com um de seus clientes, se deparou com uma situação que julgou não ser comum. “Ao dar entrada em uma solicitação de visto, o cliente informou que havia falado com um especialista que afirmou que seu caso seria aprovado facilmente pelo consulado. Quando comecei a realizar uma sessão de perguntas, notei que a pessoa ficou um pouco desconfortável, provavelmente porque eu estava fazendo questionamentos que o suposto especialista não tinha feito”, revela.
De acordo com o advogado, essas perguntas fazem parte de uma conversa muito leve, onde ele tenta entender e conhecer a pessoa que está solicitando o visto. “Eu quero conhecer a história desse indivíduo e saber como funciona a vida dele. Faço perguntas realmente específicas e vou escrevendo tudo, montando um organograma daquela história para poder facilitar e justificar a escolha que iremos tomar para essa pessoa ao dar entrada em um visto. Quando me foi dito que esse especialista falou que o processo era fácil eu discordei e, prontamente, falei para o cliente que era um processo viável, e não fácil”, declara.
Para Toledo, conversar com alguém da área de direito internacional é fundamental na hora de dar início a uma solicitação de visto. “É importante ter uma conversa com um advogado, e não com um representante comercial, diretor de relações ou qualquer outro profissional que não seja um especialista em direito internacional. Essas pessoas criam funções e cargos rebuscados para que os outros achem que estão falando com uma empresa extremamente estruturada e cheia de negócios. Isso não existe. O relacionamento de alguém, nesse sentido, tem que ser com um advogado”, pontua.
O sócio do LeeToledo PLLC critica esse tipo de situação. “Se alguém disser que um caso é fácil, essa pessoa não é advogada e não tem ideia do que está fazendo, porque não existe caso fácil. Nenhum caso é igual ao outro e não tem como dar um diagnóstico de uma doença sem fazer um exame profundo. E eu digo a mesma coisa para os meus clientes: Eu não tenho como diagnosticar se um caso é tranquilo ou se precisará de um trabalho maior sem ao menos montar a pasta com os documentos”, relata.
Daniel aconselha que, ao ouvir esse tipo de garantia de sucesso, os solicitantes devem pedir que eles escrevam tal afirmação. “Se, eventualmente, o caso não for aprovado, o indivíduo poderá cobrar essa conta e pedir a sua reparação de danos. Afinal, foi garantido algo que, legalmente e eticamente, não se pode garantir”, revela.
De acordo com o advogado, esse tipo de situação é montada, justamente, para convencer as pessoas. “Muitas vezes o que mais interessa para esses cidadãos é o resultado financeiro. Eles vão dizer o que se quer ouvir e o que é agradável para conseguirem uma assinatura de contrato e o dinheiro do pagamento. Não caia nisso e, para dar início a um processo de solicitação de visto, converse com um especialista em Direito Internacional”, finaliza.