Eficiência energética e sustentabilidade deixaram de ser apenas uma escolha para a indústria e passaram a ser “obrigações” dentro da cadeia produtiva de pequenas e grandes empresas. A expansão da geração de energia por meio de fontes renováveis tem aberto novas possibilidades para que a emissão de gases do efeito estufa seja reduzida, mas também tem criado oportunidades para a economia de recursos e até aberto novos mercados a serem desbravados pelas companhias.
Segundo recente levantamento do Ministério de Minas e Energia, o Brasil conta com cerca de 83% de sua matriz energética oriunda de fontes renováveis, como os sistemas hidrelétrico (63,8%), de biomassa e biogás (8,9%), eólico (9,3%) e solar (1,4%), fazendo do Brasil um dos países com a matriz energética mais sustentável do mundo.
Ciente da importância de criar alternativas neste segmento, a Valmet, líder mundial no desenvolvimento e fornecimento de tecnologias, automação e serviços para os setores de celulose, papel e energia, desenvolveu uma solução inovadora para a purificação do metanol oriundo da fábrica de celulose.
A nova tecnologia
De acordo com o engenheiro de processos da Valmet na América do Sul, Filipe Centenaro, a solução garante uma qualidade superior, comparada com a já tradicional planta de metanol.
A partir do novo método, este subproduto da indústria se transforma em um eficiente combustível, que pode substituir os fósseis, como óleo e gás natural. Devido ao reduzido impacto ambiental, flexibiliza sua aplicação dentro da fábrica de celulose. Além da economia de recursos, o processo de purificação também abre caminhos para potenciais novas aplicações, seja para consumidores externos ou na própria fábrica de celulose.
A nova tecnologia pode ser aplicada como upgrade das plantas de liquefação de metanol, seja para redução do impacto ambiental ou do seu uso como matéria-prima. “Os benefícios potenciais da purificação do metanol vão desde o uso como combustível na fábrica, como insumo na planta química ou até a venda do produto purificado. Uma fábrica de celulose com uma produção de 1 milhão de toneladas de celulose por ano produz mais de 35 toneladas de metanol por dia. Só na substituição direta ao óleo combustível, a economia chega a alguns milhões de dólares ao ano”, estima Centenaro.
O engenheiro explica que o potencial de aplicação deste composto químico é vasto, porém o seu uso mais provável está dentro da própria fábrica de celulose. “Para ser vendido no mercado externo como commodity a pureza deve em geral atingir o grau IMPCA, que é um padrão internacional de qualidade. Porém, nem toda aplicação precisa desta pureza, o que tende a melhorar muito o custo de implementação e payback. Muitas fábricas de celulose compram metanol fóssil para produção do dióxido de cloro na planta química, portanto, a substituição deste pelo de base florestal traria economia anual também na casa dos milhões de dólares”, analisa o engenheiro.
Produtividade
Outra vantagem potencial do metanol purificado se relaciona com o aumento da produção de polpa de celulose quando o lado do combustível na caldeira de recuperação é o gargalo da planta.
A melhor qualidade do metanol pode permitir o seu uso em outra aplicação, sem impactar em aumento de emissões. Deste modo, uma simples mudança de ponto de incineração para o forno de cal, por exemplo, permite que mais licor preto seja queimado na caldeira. “Cada tonelada de metanol substituída por licor preto pode gerar a produção de praticamente uma tonelada de polpa de celulose”, finaliza o engenheiro.