O Turismo Sustentável vem ganhando destaque nas férias dos brasileiros, proporcionando crescimento pessoal e impacto socioambiental positivo, de acordo com o Relatório de Viagens Sustentáveis 2022. Por vezes, as viagens exigem bastante planejamento e investimento, como passagens aéreas, hotéis e documentos de viagem. No entanto, essa forma de turismo não se restringe apenas às férias anuais. Alternativas de curtas experiências, com foco em contato com a natureza e aprendizados culturais, suprem a demanda por opções mais acessíveis e de curta duração, permitindo aos viajantes desfrutar de momentos significativos.
As expedições de curta duração são, também, uma forma de democratizar o acesso ao turismo, pois permitem que mais pessoas consigam viver essas experiências, com investimentos bem menores em comparação às viagens convencionais, e não exigem muita programação prévia.
Além de todas as facilidades, e de ser uma atividade prazerosa e transformadora, o Turismo Sustentável está em conformidade com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que destaca a promoção do turismo sustentável, a criação de empregos decentes (ODS 8.9) e incentiva práticas que respeitem e promovam a cultura local e os produtos locais (ODS 12.b). Ao adotar essas diretrizes, o turismo sustentável contribui para o crescimento econômico inclusivo e a preservação da cultura e dos recursos naturais.
Destinos curtos e mais acessíveis
Um estudo realizado pelo Google aponta que a geração Z vem impulsionando a busca por viagens mais curtas, utilizando transporte terrestre e valorizando experiências como o ecoturismo. “Toda viagem tem o potencial de ser sustentável. Estamos mostrando que é possível ter um contato muito profundo com a natureza mesmo em experiências curtas, próximas de grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte”, destaca Daniel Cabrera, cofundador e diretor-executivo da Vivalá – Turismo Sustentável no Brasil.
Para ajudar na escolha de um destino para o final de semana que permita sair da rotina, elencamos seis dicas de turismo sustentável, cheios de aventura, natureza, cultura, e principalmente, impacto positivo.
A área fica localizada nos caminhos de São Bento do Sapucaí (SP), região do Vale do Paraíba, além de ser próxima da cidade turística de Campos do Jordão e estar a aproximadamente três horas da capital paulista, mas próxima à divisa de Minas Gerais. Famosa pelo Monumento Natural da Pedra do Baú, o pacato município oferece muitos encantos e aventuras. Dentre as principais atrações da área, estão as lindas trilhas, que levam os aventureiros de plantão para o alto da Mantiqueira.
Para desbravar a Serra, há empresas que oferecem pacotes de um ou mais dias. É possível desbravar a Pedra do Baú, Trilha da Onça, Trekking da Balança, entre outros, e apreciar vistas de tirar o fôlego. Para escolher a trilha ideal, é recomendável conferir todas as informações do percurso e levar em conta o nível de esforço físico exigido, que pode variar de moderado a intenso, além da quilometragem de cada uma e idade mínima permitida. Há aventuras que são pet friendly e uma boa opção para se divertir com seu animal de estimação.
Independente de quantos dias durará sua aventura, ou qual trilha for escolhida, algumas informações são sempre válidas, por exemplo, o que levar no dia da trilha. São indicados os seguintes itens: sanduíches leves, frutas, água (1,5l), mochila pequena, tênis ou botas de montanha, casaco ou corta-vento, câmera fotográfica, protetor solar e repelente. Para aventuras de mais de um dia, as acomodações podem ser em chalés ou em pousadas comandadas por famílias da região, uma opção que aproxima mais ainda o turista do local.
As trilhas possuem preços a partir de R$ 214 e variam de acordo com a quantidade de pessoas do grupo e dias. Os passeios geralmente iniciam às 8 horas e estão incluídos o condutor de turismo especializado, todos os equipamentos de segurança necessários, seguro individual contra acidentes e, em algumas, a taxa de preservação ambiental.
Para mais informações, clique aqui.
A cidade maravilhosa é muito conhecida pelo Cristo Redentor, Maracanã ou Museu do Amanhã, mas há muito mais a se conhecer na capital fluminense. Ainda existem lugares extremamente conservados e pouco visitados, ou até escondidos na região. É possível fazer uma trilha na maior floresta urbana replantada do mundo, nadar nas praias selvagens preservadas fora do circuito urbano, adentrar em grutas escondidas nos maciços rochosos e desbravar o pico mais desafiador do Rio: a Pedra da Gávea.
Alguns dos roteiros disponíveis são a própria Pedra da Gávea, Pico da Tijuca, Circuito das Grutas, sendo que alguns podem ser realizados dentro do Parque Nacional da Tijuca. Os roteiros são de um a três dias, onde é possível sair do circuito de turismo de massa e fazer atividades como escalada ou se banhar em cachoeiras. Algumas opções são apenas para maiores de 18 anos, mas outras permitem adolescentes de, no mínimo, 14 anos. As trilhas também são divididas por esforço físico, sendo necessário observar a indicação, além de todos os passeios contarem com equipamentos necessários – para ser sustentável, o turismo também deve ser seguro.
Os roteiros no Rio de Janeiro têm preços a partir de R$ 237 e podem ser adquiridos aqui.
Em Minas Gerais, também é possível se aventurar em expedições de turismo sustentável. Localizada a duas horas de Belo Horizonte (MG), a Serra do Cipó possui uma enorme beleza cênica, com grande biodiversidade e sítios arqueológicos de valor inestimável. Há diversas opções de atrações, entre elas as Cachoeiras do Retiro, Congonhas e Mirante, Cachoeira da Farofa, Pedra do Sol, entre outras.
O distrito da Serra faz parte do município de Santana do Riacho, e é porta de entrada para a região que foi considerada por Burle Max como o “Jardim do Brasil”. Na área é possível avistar e visitar diversas cachoeiras, campos rupestres, morros, vales e cânions com paisagens surpreendentes. Por esses motivos, além da rica biodiversidade, em 1987, foi criado o Parque Nacional da Serra do Cipó, que protege 32 mil hectares de Cerrado e Mata Atlântica.
Para quem ama aventura e contato com a natureza, a melhor opção é a Travessia da Serra do Cipó, de Alto Palácio a Serra dos Alves, que tem um total de 43 km divididos em dias. As acomodações são em barracas e instalações rústicas, sob o céu estrelado.
Uma Expedição de 4 dias para a travessia na Serra do Cipó tem preço a partir de R$ 2.090. Conheça o roteiro completo aqui.
Experiências culturais
Aproveitar o final de semana ou feriado com uma experiência mais cultural e de impacto também é possível. “Quando você realiza um passeio cultural, que conta sobre a cultura negra, você aprende histórias que não foram contadas e que foram inviabilizadas, e isso provoca conexões muito importantes, como a de saber a história daquele lugar, saber porque ele tem aquela energia, e saber como ressignificar e respeitar aquele espaço. É uma transformação de visão e é uma chave que não tem volta. O turismo com impacto é uma experiência única. Por mais que tenham várias pessoas conhecendo aquele espaço, ele vai te tocar de alguma forma diferente”, explica Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro.
O Casa Verde Tour tem por objetivo resgatar as histórias do bairro Vila dos Andrades, que é um dos berços do samba e tem uma cultura e história negra muito vivas em São Paulo, cidade com maior população negra do país, mas que, ao longo dos anos, teve lugares e personagens negros da cidade invisibilizados. No decorrer do percurso, as histórias são narradas pelos anfitriões de experiência do Guia Negro, uma plataforma de afroturismo.
A tour é uma parceria entre o Guia Negro e a Livraria Africanidades e tem como ponto inicial o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, passando por redutos do samba, a própria livraria, ateliê do Artista João Candido, entre outros espaços. A duração do passeio é de 3 horas e custa a partir de R$ 120 por pessoa. O pacote inclui a van e o anfitrião de experiências. Adquira o tour aqui.
O Little Africa Walking Tour é um roteiro que explora a herança Afro-Negra no Rio de Janeiro, e foi criado a partir de um decreto que contempla lugares da memória afro-brasileira. As áreas da Zona Portuária, visitadas durante o percurso, possuem uma grande presença de afrodescentes, e foram apelidadas de “pequena África” pelo sambista Heitor dos Prazeres.
O antigo porto é classificado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como um sítio arqueológico, sendo Património Mundial, pois a área foi a que mais recebeu pessoas escravizadas no mundo. Apesar dos horrores ocorridos na época, é necessário destacar alguns pontos, entre eles a memória da luta e resistência do povo negro no Brasil.
O roteiro contempla aspectos culturais, históricos, arqueológicos, turísticos e geográficos, explora figuras pouco faladas na cultura brasileira, mas que merecem destaque, além de ressaltar a influência do povo negro na construção da identidade nacional do país. Lugares como o Morro da Conceição, Igreja São Francisco da Prainha e Cais do Valongo são visitados no tour, que varia o roteiro de acordo com o dia escolhido.
O valor do passeio é de R$ 250 e o tempo de percurso varia entre 3h a 3h30. Para mais informações, acesse aqui.
Para conhecer mais opções de afroturismo, acesse o Guia Negro e Diáspora Black. Os portais oferecem opções de experiências voltadas à cultura negra em todo o país, além de dicas para seu passeio de impacto.
Opções de etnoturismo
O turismo indígena também é bastante procurado por quem quer se aprofundar mais na cultura indígena e conhecer seus rituais religiosos, danças, gastronomia e estilo de vida. Geralmente, esses roteiros ocorrem na região norte do país, em aldeias da Amazônia, mas é possível se integrar aos povos originários também em São Paulo.
A experiência de dois dias na Aldeia Tapirema, localizada dentro da Terra Indígena Piaçaguera, em Peruíbe (SP), é repleta de conhecimento dos povos indígenas sobre a mata em seu entorno. Durante a estadia na aldeia, ou em pousadas próximas, é possível conhecer seus cantos, ensinados pelo cacique, rezas, se deliciar com um chá feito pela anciã da aldeia e aprender sobre ervas e costumes. Na vivência, Catarina Nimbopyruá, Simone Takuá e as famílias da Aldeia Tapirema compartilham seus conhecimentos, para que os viajantes consigam sentir a floresta e a cultura dos povos originários.
Oficinas de preparação de chá e pinturas, atividades como caminhar pelo território e conhecer as ervas também estão disponíveis além de rodas de conversa, banho de ervas, fogueira cultural com a iniciação do Petynguá, um instrumento sagrado para os indígenas, e muitos outros itens estão no pacote de imersão. Ao final dos dois dias, é realizado um encerramento cultural, com o canto de até breve e entrega de certificado.
A imersão tem duração de dois dias e custa a partir de R$ 570, tendo desconto para amigos ou crianças de 11 a 14 anos. Menores de 11 anos não pagam. As inscrições podem ser feitas pelo site, onde é possível solicitar colchonetes ou barracas, caso ocorra preferência por acomodação na própria aldeia.
Para quem busca por experiências mais profundas de turismo indígena, há expedições para a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, sendo possível conhecer a cultura local e realizar uma vivência com os ribeirinhos por meio da Aldeia Shanenawa.