A Genealogia Celeste de Uma Dança, monólogo interpretado por Luciano Chirolli com direção de Bruno Kott e texto de Juliana Leite estreia com transmissão pela ferramenta Sympla Streaming vinculada ao Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte.
Produzido pela Caboclas Produções, o projeto marca o tempo e espaço num momento em que a sociedade busca novas maneiras de pertencimento coletivo, e o encontro deste grupo de artistas faz uso do teatro como um meio para propor o risco, tanto no sentido de traço, de rabisco, quanto no de arriscar.
A peça se passa um mês após o início da quarentena no Brasil. No auge do isolamento social, as ruas de São Paulo estavam em um silêncio sepulcral, quase como que em um faroeste dos anos 60, com bolas de feno voando. De repente, o vazio da rua trouxe uma nova cor para a cidade. Sem explicação, o céu se transformou em um grande quadro colorido de rosa, lilás, e azul. No fundo, o amarelo alaranjado do sol se sobressaía. Isso aconteceu no dia 14 de abril de 2020. A população, em suas varandas e janelas, registrou o momento nas redes sociais através de fotos e sensações.
O texto do espetáculo surgiu a partir de um momento de reconexão da humanidade com o lúdico, dentro de um período de pandemia sem precedentes, e também de um mergulho interno do ator e diretor Luciano Chirolli em busca de direção, horizonte e futuro após o rompimento abrupto de uma parceria de mais de 25 anos com Maria Alice Vergueiro – atriz, diretora e professora, falecida em junho de 2020.
Junto com Maria Alice e Fábio Furtado, Luciano Chirolli criou o Grupo Pândega de Teatro há 10 anos. E, como forma de celebrar, o diretor escolheu usar o próprio Espaço Pândega (localizado na região de Campos Elíseos) como espaço de criação, ensaios e gravação de A Genealogia Celeste de Uma Dança. Bruno Kott, ator, diretor e autor que foi um dos primeiros artistas a dirigir e produzir projetos de teatro online durante a pandemia, integra o grupo com sua pesquisa e criação virtual e audiovisual.
“Essa obra nasceu de um olhar para o céu em meio ao isolamento social. Um momento que acredito eu, pensávamos sobre os novos rumos de nossas vidas, e também sobre solidão e pertencimento. Saí para ir ao mercado, e ao pisar na rua, olhei para o céu. Ele estava como eu nunca havia visto, uma camada de nuvens, sob um céu completamente lilás, rosa e laranja. Mesmo em meio a uma sensação permanente de incertezas, a vida se manifestou. Escrevi para Juliana Leite, e conversamos sobre. Ela prontamente, escreveu uma das coisas mais bonitas e simples que já li”, explica Kott.
“Hoje, tenho a sorte de dirigir o ator que assisti nos palcos quando comecei a estudar teatro, que sempre foi uma referência para mim, Luciano Chirolli. Ele é o corpo, o coração e os olhos que encontram esse céu nessa vídeo performance. Sim, acredito que a arte é uma nova forma de olhar para as coisas que já estão entre nós”, finaliza Bruno.
Proposta de dramaturgia
A quarentena nos apartou, mas também nos obrigou a identificar outras maneiras de nos sentirmos pertencentes à mesma existência, às mesmas alegrias e medos, aos desejos tremendamente humanos. De repente, muitas das coisas que dávamos por garantidas estavam suspensas e, à revelia de nossas incertezas, a natureza seguiu seus planos exatamente como antes: o céu sobre nossas cabeças, a terra sob nossos pés, e entre eles um acordo inviolável de movimento. O texto nasce justamente a partir do céu, o real e o imaginado, esse tecido para o qual olhamos desde a ancestralidade em busca de direção, horizonte, futuro.
É um texto que nasce pensando em um corpo, como princípio dramatúrgico, e que produz a sua presença a partir do jogo de imagens, sem que seja possível distinguir onde começa o corpo de quem atua e onde ele abre o seu lugar para a convocação de todos os corpos que o testemunham. Estamos, nós os espectadores, diante de um humano em pleno reencontro com o lúdico, com a fantasia e a leveza, e de repente já não podemos ser nada a não ser o seu espelhamento – uma humilde e grande humanidade composta dos mesmos músculos e espantos. Num acontecimento concebido através do tempo e do espaço, o corpo humano se redescobre em movimento (como uma antítese do confinamento) e é ele mesmo o lance de dados que abre caminho para o sonho, essa ferramenta da qual, tão humanos, jamais poderemos abrir mão.
Atuação: Luciano Chirolli
Texto: Juliana Leite
Direção: Bruno Kott
Fotografia: Lucas Barbi
Assistente de Câmera: Felipe Cardozo
Som Direto: Deby Murakawa
Música e Mixagem: Edson Secco
Arte e Montagem: Diogo Hayashi
Direção de Produção: Gabrielle Araújo
Produção: Mônica Vasconcellos e Elisete Jeremias
Assessoria de Imprensa: Ana Luiza Ponciano
Correalização: Teatro Sérgio Cardoso e Espaço Pândega
Realização: Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
Sobre o Teatro Sérgio Cardoso
Localizado no boêmio bairro paulistano do Bixiga, o Teatro Sérgio Cardoso foi inaugurado em 13 de outubro de 1980, com uma homenagem ao ator. Na ocasião, foi encenado um espetáculo com roteiro dele próprio, intitulado “Sérgio Cardoso em Prosa e Verso”. No elenco, a ex-esposa Nydia Licia, Umberto Magnani, Emílio di Biasi e Rubens de Falco, sob a direção de Gianni Rato. A peça “Rasga Coração”, de Oduvaldo Viana Filho, protagonizada pelo ator Raul Cortez e dirigida por José Renato, cumpriu a primeira temporada do teatro. Em 2020, o TSC cumpriu 40 anos de atividades, tendo recebido temporadas importantes de todas as linguagens artísticas e em novos formatos de transmissão, se consolidando como um dos espaços cênicos mais representativos da cidade de SP.
Sobre a Amigos da Arte
A Amigos da Arte, Organização Social de Cultura responsável pela gestão do Teatro Sérgio Cardoso, trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e iniciativa privada desde 2004. Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo difundir a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos como o Museu da Diversidade Sexual o Teatro Estadual de Araras.
SERVIÇO
A Genealogia Celeste de uma Dança
Até 28 de abril de 2021
Sessões às segundas, terças e quartas, 20h
Ingressos: Gratuitos. Retirada através do sistema Sympla.
Duração: 20 Minutos
Classificação: 12 Anos
Ingressos: www.sympla.com.br/teatrosergiocardoso