Perder a consciência, ter abalos musculares e os olhos voltados para cima são sintomas realmente assustadores, e, por isso, acabam gerando muitas dúvidas e alguns mitos, quando alguém sofre uma crise convulsiva. E uma das grandes questões é: será que ter uma convulsão significa o mesmo que ter epilepsia?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 5% da população terá ao menos uma crise epiléptica na vida. Isso ressalta a importância de falar sobre o assunto, desmistificando alguns pontos. Sendo assim, a Dra. Natália Longo, neurologista pela Santa Casa de São Paulo e neurofisiologista pelo HCFMUSP, explica as diferenças entre convulsão e epilepsia.
“A epilepsia é uma condição neurológica que ocorre devido a uma alteração na passagem de informação entre os neurônios, que são a principal célula do sistema nervoso e funcionam transmitindo os impulsos elétricos do cérebro. Então, quando esses neurônios não trabalham bem, desencadeiam descargas elétricas excessivas ou anormais, que podem ou não vir acompanhadas de quadros de crise convulsiva, ou seja, nem todos as pessoas que têm epilepsia, têm crises epilépticas iguais as crises convulsivas que nós conhecemos, pois está alteração pode ocorrer em qualquer lugar do cérebro, resultando em manifestações diferentes”, esclareceu.
Algumas vezes, a pessoa pode simplesmente ficar com os olhos fixos e não conseguir se comunicar, em outras, não consegue controlar alguns movimentos do corpo e, em alguns casos, acaba perdendo a consciência e desmaiando.
Já a convulsão é um tipo de crise mais forte de epilepsia que tecnicamente é conhecida pelos médicos como crise tônico-clônico generalizada, em que o paciente perde a consciência e afeta a atividade motora, causando uma contratura involuntária da musculatura e provocando movimentos desordenados. Por ser um quadro intenso, onde realmente ocorre uma falha na transmissão elétrica do cérebro, a pessoa acaba tendo salivação excessiva, contratura muscular intensa, abalos grosseiros dos membros e até liberação de urina.
Uma das causas de epilepsia está relacionada a lesões estruturais, como AVC, também conhecido como derrame, à falta de oxigenação no cérebro durante o parto ou a gestação e à má formação cerebral. Outros fatores podem gerar crises de convulsões isoladas como é o caso de infecções, baixa de glicose e quadros de febre.
Para a Dra. Natália Longo em todos os casos, o mais importante é saber como reagir em momentos de crise. O que pode fazer toda a diferença para a saúde da pessoa afetada.
“Quando alguém está convulsionando, o ideal é manter a calma e cuidar para que a pessoa não se machuque. Então, recomendamos que o paciente seja colocado deitado de lado para evitar que se sufoque com a própria saliva, afastar objetos que estejam por perto e a cabeça seja apoiada em uma superfície macia para evitar lesões ou protegida para evitar traumas. Quem estiver ajudando, nunca deve colocar a mão na boca da pessoa. Isso é um mito ainda muito comum. O melhor é esperar a crise passar e aguardar o paciente a recobrar sua consciência. Caso, seja um fato inédito no histórico médico dele, buscar atendimento imediato”, orientou.