É cada vez maior na vida das mulheres a relevância da carreira profissional e uma pesquisa divulgada em 2019, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou a representatividade da taxa de participação delas, em relação à força de trabalho, que já atingia 54,5%. Nesse contexto, o adiamento da gravidez é visto como a decisão que mais faz sentido. É preciso ter em mente, contudo, o avançar do relógio biológico, posto que, diferente do homem, que dispõe de gametas a vida inteira, a mulher apresenta um tempo definido para a produção de óvulos. É por isso que a gestação natural se torna mais difícil com o passar da idade.
Assim, fazer uma espécie de “previsão da fertilidade feminina” seria o ideal e essa análise existe. Trata-se de um exame simples de sangue, que pode ser realizado em qualquer dia do ciclo menstrual, através da análise que dosa o hormônio anti-mülleriano (HAM). Contudo, o mais recente estudo da Famivita constatou que 45% das brasileiras desconhecem a existência desse exame.
Especialmente dos 25 aos 29 anos, as mulheres não sabem que é possível fazer essa análise, com 42%. Mesmo entre as mulheres tentando engravidar, apenas 56% afirmaram conhecer tal exame.
Os dados coletados por estado mostraram que, no Amazonas, 44% das mulheres têm ciência acerca do exame anti-mülleriano. Já em Rondônia, esse número foi de 73%. Em São Paulo e no Espírito Santo, 55% e 65% disseram saber acerca da análise, respectivamente. Quando se trata do conhecimento delas relacionado ao exame, no Distrito Federal, as informações apontam para 58% e, no Rio de Janeiro, para 56%.
Interessante destacar que os óvulos ficam armazenados dentro de pequenas “bolsinhas” de tecido epitelial nos ovários. Essas estruturas, denominadas “folículos ovarianos”, são responsáveis pela produção do hormônio anti-mulleriano. Isso significa que, quanto mais folículos houver, maiores tendem a ser as dosagens de HAM na mulher. E, na atualidade, o exame anti-mulleriano é considerado o mais efetivo para apontar a queda da idade reprodutiva, predizendo a alta, adequada ou baixa resposta ovariana.
Vale lembrar que, a cada ciclo, centenas de óvulos são preparados, mas a mulher ovula apenas um, morrendo o restante. E, ao contrário do que se possa imaginar, esse estoque não se renova a cada ovulação, de modo que conforme transcorrem os anos, só ocorre a perda dele.
Ferramenta útil
Em geral, o ponto alto da fertilidade da mulher é visto na medicina como aproximadamente dos 18 até os 28 anos, dado que a reserva ovariana estaria no auge. Já entre os 32 e 35 haveria um bom potencial para a gestação, mas dessa idade até os 37, se dá uma queda acentuada referente à quantidade e qualidade dos óvulos. Tal cenário pode inclusive trazer uma maior possibilidade de riscos, especialmente a partir dos 40 anos.
A análise do hormônio anti-mulleriano se configura, assim, como uma ferramenta muito útil, especialmente quando é premente o dilema entre a carreira e as crianças. Isso porque tendo ao menos uma ideia do “nível de fertilidade”, haveria um maior planejamento sobre quando seria melhor acontecer a gestação – apressando ou retardando esse processo.