Nesta semana, a notícia de que uma mulher de 54 anos faleceu de eclâmpsia dias após dar à luz gêmeas deixou muitas gestantes preocupadas: afinal, o que é essa complicação gestacional e quem corre o risco de desenvolvê-la?
Segundo a Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein, a eclâmpsia é uma complicação da pré-eclâmpsia. Nesse estágio, a mulher já apresenta convulsões e outros sintomas ligados ao aumento da pressão arterial que podem levá-la ao coma e ao óbito. “No caso apresentado, relatou-se uma eclâmpsia tardia, ou seja, dias depois do parto. Não consigo avaliar a situação dessa mulher, especificamente, porque não acompanhei o caso dela, mas sempre a eclâmpsia se desenvolve a partir de uma pré-eclâmpsia e, por isso, é preciso cuidar para que a situação não evolua”, comenta.
Dra. Mariana Rosario explica a pré-eclâmpsia, condição que pode levar à eclâmpsia:
O que é a pré-eclâmpsia e por que ela é tão perigosa?
A pré-eclâmpsia é uma complicação da gravidez que é constantemente estudada porque tem diversas causas aparentes e pode se tornar bastante grave. A ciência mostra que ocorrem problemas no desenvolvimento dos vasos da placenta e isso gera diminuição da circulação sanguínea, aumento da pressão arterial e alterações na capacidade de coagulação do sangue.
A pré-eclâmpsia manifesta-se a partir da 20ª semana de gestação, no parto e até após ele. Para caracterizá-la, a paciente precisa apresentar pressão arterial alta (superior a 14×9) e proteinúria (presença de proteínas na urina). Um dos sinais evidentes é bastante edema (inchaço) no corpo, causado pela retenção de líquidos.
A pré-eclâmpsia é perigosa porque pode levar à eclâmpsia, quadro grave que inclui convulsões e até como e morte. Outra complicação é a Síndrome Hellp: além do quadro de eclâmpsia, existe a destruição das células sanguíneas e elevação das enzimas hepáticas, outro quadro grave. Sangramentos, edema agudo de pulmão, insuficiência renal e do fígado e prematuridade do bebê podem ser causados pela pré-eclâmpsia – portanto, é preciso muito cuidado com a doença.
Como prevenir a pré-eclâmpsia?
Mulheres que engravidam com sobrepeso ou obesidade; pressão arterial alta; diabetes ou resistência à insulina ou mesmo aquelas aparentemente saudáveis, mas com péssimos hábitos – como sedentarismo e alimentação pouco saudável – carregam os fatores de risco para a pré-eclâmpsia. Mulheres acima dos 40 anos ou abaixo dos 18 anos têm fator de risco elevado.
Fazer o pré-natal com cuidado é outro cuidado importante, porque nem sempre a condição apresenta sintomas e o obstetra precisa verificar a pressão arterial e os exames bioquímicos constantemente. Quando identificada no começo, a pré-eclâmpsia pode ser tratada com mais eficácia. Repouso, redução do sal e do sódio e ingestão de bastante água são indicados para os casos leves, além do controle da pressão arterial.