A esclerose múltipla (EM) é uma doença do sistema nervoso central, afetando o cérebro e a medula espinhal. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 40 mil pessoas vivem com a doença no Brasil. Ela se manifesta de forma heterogênea, ou seja, existem casos muito leves e casos muito graves. Os sintomas são particularmente desconfortáveis, como incontinência urinária, dificuldade na visão e a fadiga que pode atrapalhar até mesmo a concentração.
Diante desses sintomas, como o paciente pode ter qualidade de vida? A médica neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, Dra. Inara Taís de Almeida, destaca três dúvidas que podem ser comuns no dia a dia do paciente com EM.
Alimentação
A manutenção da boa saúde é importante para todo mundo e para a pessoa que tem esclerose múltipla não é diferente. Embora não exista uma dieta especial para EM, o indicado é que o paciente siga uma alimentação balanceada, com alimentos que ajudam no funcionamento do intestino.
“O bom funcionamento do intestino é importante, pois a constipação se torna uma das preocupações do paciente quando temos a perda do controle intestinal. Porém, conseguimos resolver isso mantendo a ingestão de líquido, atividade física e uma alimentação balanceada. Se isso não for o suficiente, entramos com a medicação”, explicou a neurologista Dra. Inara Taís de Almeida.
A especialista ressalta que o uso de laxantes não deve ser usado sem prescrição médica.
Saúde mental
Assim que é diagnosticado com EM, o paciente pode passar por uma série de condições relacionadas à saúde mental, como depressão e ansiedade. Isso acontece, pois a doença afeta a pessoa em várias partes da vida, como o senso de si mesmo e a participação na família e na comunidade.
Com isso, procurar ajuda para saber administrar sentimentos que normalmente incluem choque, negação, confusão, raiva e ansiedade pode ser importante. A terapia, por exemplo, pode ser benéfica não só para a pessoa com o diagnóstico, como para os familiares e amigos.
“Quando o paciente é diagnosticado, é importante que ele preste mais atenção nos seus pensamentos e que seja acolhido pelos amigos e familiares. Se isolar não é a melhor solução para conseguir avançar no tratamento e se adaptar à medicação. A prática do autocuidado faz parte da saúde mental. Se for necessário, procure fazer uma higiene do sono e meditação”, disse a especialista.
Vida Sexual
A esclerose múltipla é uma doença neurológica em que o sistema imunológico ataca uma estrutura que envolve os neurônios chamada mielina. A mielina faz parte da condução elétrica entre os neurônios, ou seja, da transição de mensagem entre eles, mensagem de força e de movimento, por exemplo.
Com isso, alguns pacientes sofrem de disfunção sexual, ou seja, sintomas que atrapalham a vida sexual, como a diminuição da libido, a disfunção erétil, a alteração do orgasmo e a redução de lubrificação.
Porém, muitas pessoas têm vergonha quando os sintomas aparecem e não se tratam. Sendo assim, é importante relatar para o especialista que acompanha o caso e conversar com o parceiro (a).
“Existem terapias que podem ajudar, assim como a fisioterapia pélvica e a dieta controlada. Em alguns casos o médico pode fazer a prescrição de medicações”, concluiu a neurologista.
A especialista lembra que quando o diagnóstico é feito no estágio inicial, o paciente tende a ter uma boa qualidade de vida por mais tempo.