O que não passa de uma crença popular, como achar que ficar deitada ajuda as chances de engravidar, e o que é verdade na medicina reprodutiva? Ainda há muita desinformação das pessoas sobre essa área, seja por nunca ter pesquisado a respeito, fake news ou até mesmo uma questão cultural.
“Há muito tempo sendo profissional na área como médico e professor, já me deparei com perguntas de todo o tipo, muitas que fazem sentido e tem uma explicação, e outras que simplesmente são mitos, que as pessoas costumam acreditar, por não terem um fundamento científico. É importante saber o que é verdade e o que não passa de um mito”, comentou o Dr. Renato Fraietta, especialista em Reprodução Humana na CPMR – Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva e coordenador do Setor Integrado de Reprodução Humana da Universidade Federal de São Paulo.
Por isso, conheça abaixo alguns mitos e verdades da área:
Os óvulos são congelados em nitrogênio líquido, em uma temperatura de -196°C, fazendo com que os óvulos mantenham, a princípio, a mesma qualidade e características de quando foi feito o processo de congelamento.
“Maus hábitos trazem malefícios em todos os quesitos da nossa vida, na fertilidade não seria diferente. Bebidas alcoólicas, cigarro, obesidade e sedentarismo podem prejudicar consideravelmente a fertilidade do homem e da mulher”, comentou Fraietta. “A gordura, por exemplo, pode alterar a produção dos espermatozoides, assim como o estresse pode diminuir a qualidade deles”, completou.
Se um indivíduo do casal for portador detectável de vírus HIV, existe a possibilidade da contaminação da parceira e do filho durante a gestação e parto. No entanto, é possível realizar o procedimento de forma segura, primeiramente há a necessidade de ficar com a carga viral indetectável, afinal, o indetectável não transmite. “Se a mulher for soropositiva, realizamos a inseminação intrauterina ou FIV, conforme o diagnóstico da mesma. Quando o homem é soropositivo, a técnica que oferece o menor risco de transmissão é a FIV com injeção intracitoplasmática de gametas, após dupla lavagem de sêmen”, explicou Fraietta.
“Já me perguntaram diversas vezes se ficar deitada após um procedimento ou coito aumenta as chances da mulher engravidar. Isso é um mito, não há nenhum estudo que comprove isso, assim como, ficar com as pernas para cima”, explicou Fraietta.
Pelo contrário, a saúde é a mesma das crianças geradas de forma natural. Devemos lembrar que a diferença entre o processo da fertilização in vitro e da fertilização comum, ocorre apenas na fecundação, todo o restante da gestação é praticamente igual.
Desde 2013, conforme as regras do CFM (Conselho Federal de Medicina), casais homoafetivos masculinos e femininos podem realizar a reprodução assistida para gerar um filho biológico. “A técnica utilizada para os casais homoafetivos são as mesmas usadas para quem deseja a paternidade ou maternidade solo. Para o casal masculino é necessário uma doadora de óvulos e uma cedente temporária de útero e para os casais de mulheres, um doador de espermatozoides”, explicou Fraietta.
Diferente do que pensam, a maternidade e paternidade solo são realidades. No caso do homem, além de precisar de uma doadora de óvulos, também é necessário contar com uma parente consanguínea de até 4° grau para fazer a cessão temporária de útero. Já as mulheres podem fazer o procedimento por meio da FIV ou IIU, ambos necessitando de um sêmen de doador.