Um levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância – Fiocruz/Unifase) indica que o número de crianças e adolescentes com excesso de peso aumentou no país entre 2019 e 2021, período que abrange a pandemia de covid-19. Houve crescimento de 6,08% no grupo das crianças de até 5 anos de idade. Entre aqueles com 10 a 18 anos, o crescimento foi de 17,2%. O excesso de peso inclui tanto os casos de sobrepeso como os de obesidade.
Os dados do estudo são baseados no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan-WEB), ferramenta que monitora indicadores de saúde e nutrição. Segundo os pesquisadores, a diminuição de exercícios físicos e o desajuste na alimentação são as principais explicações para os problemas de peso.
O problema, se não tratado e acompanhado de forma correta, pode provocar diversos problemas não somente na fase atual, assim como na fase adulta, conforme alertam nutricionistas e profissionais da área de educação física. Elas alertam, ainda, para que os pais tenham atenção aos sinais de obesidade, de preferência tomando medidas preventivas.
Para a nutricionista Caroline Sacchi, da equipe de profissionais do Instituto Allezi, de Campinas, a situação é preocupante. Ela explica que a prevalência da obesidade infantil vem aumentando nos últimos anos. “Antigamente concentrava-se em adultos, mas hoje vemos um aumento importante em crianças e isso aponta para uma perspectiva de piora no futuro se não agirmos rapidamente”, alerta.
Ela diz que a causa da Obesidade infantil é multifatorial. Entre os fatores, cita exemplos como o não aleitamento materno exclusivo até os seis meses associado à introdução precoce de alimentos ultraprocessados; falta de atividade física; fatores sócio econômicos; fatores genéticos.
“E, infelizmente, a obesidade infantil aumenta os riscos de desenvolver doenças futuramente, como por exemplo articulares e dos ossos, diabetes tipo 2, cardiovasculares e câncer, além de aumentarem as chances dessas crianças se tornarem adultos obesos”.
Caroline afirma que a prevenção é fundamental e deve começar com o pré-natal, no cuidado com os hábitos alimentares e estilo de vida da mãe, antes e durante a gestação. O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses também é importante para a prevenção. Já na introdução alimentar, o cuidado deve ser especial, oferecendo uma grande variedade de alimentos nutritivos e respeitando as possíveis restrições de cada criança. Na primeira infância, a educação nutricional, a prática de atividade física, associada à conscientização dos pais e responsáveis, bem como dos educadores, sobre os riscos da obesidade nessa faixa etária, com certeza são indispensáveis na prevenção. “A obesidade infantil é uma preocupação de saúde pública e requer ação coletiva.
Giane Iamarino Braga Baú, Gerente/Coordenador Baby, Kids e Teens da Cia Athetica Campinas, reforça que a atividade física é fundamental no combate à obesidade infantil e que deve ser colocada no dia a dia da vida das crianças e adolescentes. Dentre os pontos positivos da prática regular, cita como benefícios a melhora da coordenação motora fina e grossa, aumento da velocidade de raciocínio e reação como também a concentração, melhora a qualidade do sono, aumenta velocidade do metabolismo
O esporte ajuda no tratamento de problemas como déficit de atenção e dislexia, e também reduz as chances do desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão.
“Uma maneira muito divertida, com benefícios físicos e psicológicos às crianças e adolescentes do Brasil de combater a obesidade é participando de atividades físicas coletivas”, ensina ela. “Na Cia Athletica temos um programa de esportes infanto juvenil completo, com natação, esportes de quadra, dança, lutas e circo que além de desenvolver as capacidades físicas e motoras, desenvolve o trabalho em grupo e socialização.