Antes de começar uma jornada rumo à aprovação no vestibular ou a uma boa nota no Enem, é importante saber que existem fases da preparação. Entender em qual etapa se está dá mais clareza para o aluno definir a melhor estratégia para os estudos. Uma vez que o estudante entende que o limite é apenas uma fronteira criada pela própria mente, isso significa que está pronto para criar a estratégia que mais faz sentido para a sua realidade.
Assim como as artes marciais têm as faixas e seus significados, na jornada do estudo elas também existem, sendo uma ótima tática para medir o grau de preparação. “Uma dica que eu dou é fazer três simulados de 45 questões e calcular a média de acertos. Assim o aluno saberá qual é a sua faixa”, explica Jubilut, que é fundador do Aprova Total, plataforma tecnológica focada na preparação de estudantes para o vestibular e Enem. Confira abaixo a pontuação e o perfil que categorizam cada um.
Faixa branca: Está muitos anos sem estudar, ou estudou numa escola péssima, ou terminou o terceiro ano recentemente e vivia no esquema “estudar pra prova e esquecer”. “Nessa fase ele se sente perdido no meio de tanta matéria pra estudar, não entende os nomes dos assuntos, não sabe como estudar e fica toda hora mudando de método”, explica Jubilut. Estudar é um grande esforço e produz pouco resultado. O aluno acerta menos de 40% em um simulado (4 questões de 10).
Faixa azul: Saiu de uma escola forte, que prepara os alunos para o vestibular durante o terceiro ano. Consegue ter uma rotina de estudos. “É comum nessa fase o que eu chamo de mudança de matéria no cérebro: vai estudando uma e esquecendo parte da outra”, afirma Jubilut. Ainda não aprendeu a guardar a matéria no cérebro. Nesse estágio, começa a passar em cursos menos concorridos. Acerta entre 50% e 60% de um simulado (5 ou 6 questões de 10).
Faixa roxa: Aluno maduro, que geralmente já fez alguns vestibulares e tem uma boa bagagem de conteúdo. A transpiração para estudar e ver os resultados é menor. “Está muito mais focado em completar as lacunas de conhecimento que ainda restam”, relata o professor. Já acerta 70% de um simulado, uma nota competitiva, e consegue aprovação em cursos de média ou mesmo alta concorrência.
Faixa preta: Estudante que está na boca do gol para passar em um curso superconcorrido, como medicina. Já possui uma alta bagagem de conteúdo. “É a fase para lapidar as últimas arestas. Quem chega a essa faixa vai passar entre os primeiros colocados no geral”, afirma Jubilut. É o caso daquele estudante que fica em primeiro lugar geral nos grandes vestibulares. Acerta acima de 80% do simulado.
Depois de saber a sua faixa, é o momento de desenhar a melhor rotina de estudos
Se a jornada do vestibular for encarada como uma prova de corrida, é essencial entender que todos os estudantes desejam cruzar a linha de chegada, mas não partem do mesmo ponto. Para conquistar seus objetivos, é essencial que o aluno desenhe uma estratégia individual que otimize seus esforços. Explicamos as diferenças das faixas branca, azul, roxa e preta, que indicam a fase do estudante. A seguir indicaremos qual é a melhor técnica de estudo para cada uma.
“Geralmente, fazer toda essa jornada para passar no vestibular leva aproximadamente três anos, mas existem técnicas que potencializam a performance do aluno e reduzem esse tempo pela metade”, enfatiza o professor. Confira as melhores estratégias, de acordo com cada etapa.
Método de Estudo para alunos faixas branca e azul
Esse é o tempo de focar nas matérias que são a base das exatas: matemática, química e física. Esses assuntos são os fundamentos de cada matéria. Não significa que o candidato deve estudar só isso, mas a maior parte da semana será direcionada para essas três matérias. Nessa fase é normal atrasar o conteúdo de outras disciplinas.
De 70% a 100% do tempo de estudo deve ser voltado para a matemática básica, em média durante 30 dias, podendo variar de 15 a 60 dias. É essencial conhecer as matérias fundamentais para avançar. Por exemplo: a biologia exige conhecimento de química e matemática.
“Nessa etapa, o estudante só precisa acertar os exercícios fáceis, e 50% dos médios. Não precisa se culpar caso errar os difíceis. É preciso caminhar para novos desafios e adquirir mais habilidades para conseguir resolver os exercícios mais complicados”, orienta Jubilut.
Uma vez que os fundamentos das exatas estiverem dominados, o próximo passo é distribuir as matérias de forma mais igualitária, adicionando a redação, e se dedicando até atingir 60% de acertos em qualquer simulado e lista de exercícios. Nessa fase a preparação demanda de 4 a 6 horas semanalmente dedicadas aos simulados ou listas de exercícios referentes às matérias estudadas.
“É normal errar muitos exercícios no início. O mais importante é tentar fazer, praticar e pegar experiência. Essa vai ser a base para evoluir”, enfatiza o professor. Nessa fase de estudos, o método Pomodoro, que ajuda no foco, concentração e produtividade, pode ajudar a adquirir o hábito de praticar baterias de estudo mais longas e adquirir constância. Essa etapa é voltada a assistir aulas, ler o livro didático e resolver uma quantidade de moderada a média de questões das listas de exercícios.
O ideal é permanecer nessa fase por 75% do tempo de preparação. Por exemplo, se faltam dez meses para o dia da prova, é interessante ficar nela por sete meses e meio. Passe pela maioria das matérias sem se aprofundar em nenhuma. Se acertar 7 questões em uma lista de 10, é o suficiente para pular para a outra matéria.
“É preciso ter cuidado com a maldição do ‘quero saber tudo’. Lembre-se de que 75% das questões dos vestibulares estão divididas entres médias e difíceis; então aqui você quer ser um estudante nota 7”, explica o professor.
Método de Estudo para alunos faixas roxa e preta
Uma vez que o estudante estiver alcançando 70% de acertos, é hora de ir em busca do 10. A partir desse momento o foco é na resolução de exercícios, simulados e provas antigas de vestibulares. A rotina de estudos passa a se basear nos erros cometidos nas questões, que definirão o que precisa ser estudado. “A meta pode ser resolver baterias de 40 a 70 questões por dia, com tempo reservado para estudar o que errou. Passar disso é insano e pode esgotar o aluno”, alerta Jubilut.
Quando o estudante é faixa preta, os erros começam a ser pontuais. Nessa fase não é mais necessário assistir a uma aula para retomar o assunto — dar um Google resolve! É o momento de olhar para as matérias que raramente aparecem nos vestibulares. É quando o aluno está apto a resolver questões discursivas e provas antigas de vestibulares complexos como ITA, IME, Fuvest, Unicamp, UERJ, UEL, UEM e UFPR. Ao tornar-se um “resolvedor” de provas, o aluno conquista a percepção de que as questões são parecidas. Ao chegar a esse nível, a aprovação está perto.
“Nessa etapa o estudante pode simular uma prova com cartão-resposta, tempo definido e redação. E na reta final, um mês antes da prova, aumenta a bateria de questões em 50%”, recomenda Jubilut. “Um detalhe importante: o foco deve ser nos exercícios, e não passar no vestibular. Assim o estudante não retorna ao método faixa branca. O grande erro é começar tudo de novo, como se ele não tivesse história.”
Não é tão simples como parece: aprenda a começar a estudar
O maior erro é começar uma preparação sem saber para o que exatamente o estudante está se preparando. A primeira coisa a fazer é definir em qual curso e faculdade quer ser aprovado. Definido isso, é preciso analisar os temas que mais são cobrados na prova. O ideal é ter ao menos uma relação dos últimos 7 anos. “As disciplinas exigem focos diferentes, e isso vai evitar que você acumule matérias. Estudar tudo da mesma forma é um grande erro”, alerta o professor.
Além da incidência dos assuntos, é importante entender o peso que cada disciplina tem no curso para o qual o estudante quer prestar, e também quais matérias ele tem maior dificuldade para aprender. Saber qual prova irá enfrentar permite ao aluno conhecer a estrutura do exame: o tempo para resolver cada questão, a dinâmica das questões objetivas, o método de correção da redação, as somatórias, e as obras literárias requisitadas.
“O estudante precisa ser um especialista na prova que irá fazer. Se está estudando sem saber o que mais cai na sua prova, está colocando a aprovação seriamente em risco, pois pode dar ênfase a matérias que caem pouco e deixar de estudar as que caem muito”, adverte Jubilut.
Outro fator importante é o ambiente de estudo. É preciso ser um lugar silencioso (talvez com fone de ouvido ou tapa-ouvido), bem iluminado, ventilado e minimalista, que promova a concentração, como uma biblioteca ou um café. Nesse momento é interessante seguir apenas um cursinho, de preferência online, pois dessa forma o aluno tem muito mais liberdade para montar o cronograma.
Se for escutar música, pode optar por aquelas das quais não entende a letra. Ou ainda buscar sons de ondas alfa (procure por “digital wave alpha study” no YouTube), ou usar ruído branco. Uma dica de ouro é evitar pessoas que não gostam de estudar, pois isso de fato influencia negativamente. “Outra questão é a pressão de passar em um ano. Isso é bem complicado, pois a quantidade de assuntos que você precisa dominar é gigantesca, muitas vezes exigindo mais de um ano”, ressalta o professor.
Outra armadilha é a elaboração do cronograma como se o estudante fosse uma máquina, com uma atividade a cada minuto. Um imprevisto pode colocar todo o planejamento da semana a perder. O ideal é deixar um turno livre na semana para poder se reorganizar em caso de contratempos. “Esses planos são um convite para a procrastinação, porque exigem muito do aluno, e o cérebro irá sabotá-lo. Um cronograma muito rígido não se sustenta”, aponta Jubilut.