A crise climática já chegou ao Brasil, e seus impactos são cada vez mais sentidos. Em São Paulo, o recente apagão trouxe prejuízos a milhões de pessoas, enquanto Porto Alegre sofreu neste ano com enchentes sem precedentes. Com isso, o brasileiro vem sentindo a crise climática no bolso. Com o aumento nas tarifas de energia, não apenas o cidadão, mas também muitas empresas buscam alternativas, como a instalação de painéis solares, para reduzir custos e consequentemente a fatura de luz.
Atualmente, o país depende de fontes energéticas que estão sujeitas ao clima: 62% da energia vem de hidrelétricas, 11% de parques eólicos e apenas 2,5% da energia solar. Contudo, independentemente da fonte de energia adotada, todas dependem de condições climáticas, como chuvas, ventos e sol. Segundo Rodrigo Lagreca, CEO da startup Energia das Coisas, é essencial que cada empresa estude sua demanda energética para decidir a melhor solução. “Antes de investir em painéis solares ou outra tecnologia, é preciso entender as necessidades do estabelecimento”, orienta. Ao final, mais importante que diversificar a fonte de geração de energia, é reduzir o consumo efetivo.
Para o CEO, a crise energética é uma questão coletiva, assim como foi a pandemia. “Estabelecer novos padrões e controlar o consumo de energia são medidas urgentes, que precisam ser adotadas em todas as escalas, das grandes empresas aos pequenos comércios e residências”, ressalta. Rodrigo alerta que um possível racionamento energético afetará a todos, desde hospitais e indústrias até lares e pequenas empresas. ”Vivenciamos isso a pouco tempo, com o apagão de São Paulo, o estado precisou disponibilizar diesel para os geradores dos hospitais”, lembrou.
A origem da crise energética brasileira vai além das mudanças climáticas, refletindo também a falta de investimento em infraestrutura. Rodrigo relembra a crise energética no Amapá em 2020, causada por chuvas extremas e falhas estruturais: “Uma forte chuva provocou um incêndio que comprometeu três transformadores, resultando em um apagão que afetou 13 das 16 cidades do estado. A crise não é de hoje”, relembra.
Rodrigo observa que secas e estiagens prolongadas já são amplamente anunciadas e têm impacto direto nos custos de energia, que aumentaram com a tarifa da bandeira vermelha, refletindo o uso das usinas térmicas, mais caras e poluentes. As empresas precisarão recorrer à tecnologia para enfrentar a crise. “O uso eficiente da energia, aliado ao controle e monitoramento, pode melhorar o aproveitamento de equipamentos e a produtividade”, explica.
Uma dessas soluções é o Energia das Coisas (EdC), que está em desenvolvimento desde 2017 e permite o monitoramento do consumo de energia em tempo real, com funcionalidades que ajudam a reduzir desperdícios e a entender o impacto das escolhas de consumo. “Manter aparelhos ligados com baixo uso ou ociosos é comum nas empresas, mas esse tipo de desperdício é intolerável em tempos de crise”, destaca Rodrigo.
A tecnologia não só aumenta a conscientização, mas torna a energia “visível”, portanto mais fácil de ser controlada. “A partir de agora, podemos rastrear e controlar a energia que consumimos”, ressalta. Para ele, reinventar nossos conceitos sobre energia e água é crucial, pois a tendência é que os custos subam e afetem a competitividade das empresas. “A mudança deve começar agora. Quem agir primeiro terá vantagem”, finaliza.