Você já comprou algo por impulso e, pouco tempo depois, se arrependeu? Agora imagine essa situação acontecendo com frequência, a ponto de causar endividamento, ansiedade e sofrimento emocional. Esse é o cenário vivido por quem sofre com o transtorno de compra compulsiva — uma condição séria e muitas vezes silenciosa que afeta milhares de pessoas no Brasil.
O que é o transtorno de compra compulsiva?
Também conhecido como oniomania, esse distúrbio é caracterizado por um impulso incontrolável de fazer compras, mesmo sem necessidade real. Mais do que um comportamento impulsivo pontual, trata-se de um padrão repetitivo que compromete o bem-estar emocional e financeiro.
“A pessoa sente uma euforia momentânea ao comprar, como uma recompensa. Mas logo depois vem a culpa, o arrependimento e, muitas vezes, o prejuízo financeiro”, explica a Dra. Maria Fernanda Caliani, psiquiatra especializada em saúde mental e comportamento. “Esse ciclo pode estar ligado a quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima.”
Quais são os principais sinais de alerta?
De acordo com a especialista, é importante ficar atento a alguns comportamentos, como:
Por que isso acontece?
A resposta está em parte no nosso cérebro. Durante a compra, o organismo libera dopamina, um neurotransmissor associado à sensação de prazer. “Esse mecanismo de recompensa pode se tornar viciante. A pessoa volta a comprar para reviver aquela sensação boa e aliviar desconfortos emocionais”, explica a Dra. Maria Fernanda.
Mas o cérebro não é o único culpado. O ambiente também exerce grande influência. “A cultura do consumo nas redes sociais, as promoções relâmpago e os estímulos constantes dos influenciadores acabam sendo gatilhos para quem já tem dificuldade de autocontrole”, completa.
Existe tratamento? Sim, e começa com o autoconhecimento
Lidar com o transtorno de compra compulsiva é possível, e o primeiro passo é reconhecer o problema. A psiquiatra recomenda algumas estratégias:
Atenção e acolhimento
“Comprar é uma atividade cotidiana e, muitas vezes, prazerosa. Mas quando ela se torna uma válvula de escape constante e prejudica a vida da pessoa, é preciso buscar ajuda”, alerta a Dra. Maria Fernanda Caliani. O acolhimento psicológico e o tratamento adequado são fundamentais para retomar o equilíbrio.
Dra. Maria Fernanda Caliani – Psiquiatra – CRM – 140.770 / RQE 71653