Os casos de infectados pela COVID-19 tem aumentado a cada dia, sem previsão de queda até o momento. O que muitos desses pacientes ainda não sabem é que parte deles deverão ter sequelas no sistema respiratório, desde casos mais leves da doença até os mais graves, segundo a fisioterapeuta Cássia Xavier Santos, coordenadora dos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo.
Os pacientes que se tratam ou os que já concluíram o tratamento entre os meses de maio e junho, que até o momento mostram o maior número de contágio e mortes pela covid-19, podem ter consequências no organismo até o início de 2021. Guardadas as proporções dos casos mais e menos graves, ambos serão impactados com a doença, seja por uma possível intubação ou repouso absoluto com acompanhamento médico, respectivamente.
“É por essa razão que a demanda por fisioterapeutas no país aumentou exponencialmente neste período, principalmente em função do trabalho que envolve a recuperação dos pacientes hospitalizados, cuidados intensivos e especializado”, afirma Cassia. Além disso, a tendência é que, mesmo com futuras quedas nos números de infectados no Brasil, a atuação do profissional de fisioterapia deverá ser essencial para a plena recuperação posterior do paciente, em razão das sequelas decorrentes do longo período de internação ao qual muitos deles foram submetidos.
Prova disso, é o aumento na demanda por profissionais em pós-graduação na área em até 50% no período de março a maio deste ano, de acordo com o levantamento da Faculdade Santa Marcelina. A demanda a ser suprida está no apoio a reabilitação principalmente pulmonar, órgão foco do ataque pelo vírus.
Outro fator não menos importante, é a fraqueza muscular. Muitos dos pacientes que tiverem a necessidade de maior tempo de internação em (UTI), precisarão ser acompanhados de perto por esses profissionais, de forma a evitar maior enfraquecimento em médio prazo e acarretar a síndrome do imobilismo. “Em casos graves, pode chegar a dimensões irreparáveis para o paciente, a partir do momento em que o período de repouso pode afetar a função motora do indivíduo”, alerta Cassia.
Fisioterapia na história
A profissão está diretamente ligada à grandes eventos, como foi o caso da Segunda Guerra Mundial. Antes e depois do conflito, a fisioterapia passou a atuar de forma mais expressiva na medicina, juntos aos militares que ficaram comprometidos fisicamente no front. Havia ali uma necessidade de se reaprender a conviver com novas condições corporais ou recuperar parte de funções de maneira progressiva. “Salvo exceções, assemelha-se à batalha que também vivemos hoje e que vai deixar marcas na população pelos próximos anos”, finaliza a coordenadora e fisioterapeuta.