Após mais de 58 anos de atuação na causa da deficiência intelectual na capital paulista, a APAE DE SÃO PAULO passa a se chamar Instituto Jô Clemente, com o objetivo de ampliar sua atuação para todo o Brasil. A Organização da sociedade civil sem fins lucrativos, que é referência nas práticas de inclusão e no apoio às pessoas com deficiência intelectual e seus familiares, pretende compartilhar com outras instituições, empresas, governos e a sociedade civil seu conhecimento, estudos científicos, tecnologias, inovações e práticas pioneiras voltadas à inclusão social e protagonismo das pessoas com deficiência intelectual.
Segundo o presidente do Conselho de Administração do Instituto Jô Clemente, Cassio Clemente, a mudança de nome reflete as ações praticadas pela Organização no decorrer das quase seis décadas de atuação. “Já adotamos, há muitos anos, as práticas inclusivas, por meio dos serviços e apoios que oferecemos, propiciando protagonismo e valorização do potencial das pessoas com deficiência intelectual. A cultura de inclusão do Instituto Jô Clemente sempre esteve presente em cada atendimento realizado e somos reconhecidos por isso. A mudança de nome é um marco para romper em toda a sociedade o estigma de incapacidade das pessoas com deficiência intelectual. É necessário propor um novo paradigma”, diz. “Além disso, nossa atuação estava restrita ao município de São Paulo, mas a deficiência intelectual está em todos os lugares, por isso, precisamos dar esse passo, a fim de dar voz a essas pessoas e criar em todo o país um grande movimento pela inclusão, pelo respeito à diversidade humana e pelo desenvolvimento de todas as pessoas”, comenta.
O Instituto Jô Clemente, que trouxe o Teste do Pezinho para o Brasil, em 1976, é referência no apoio a crianças, jovens, adultos e idosos com deficiência intelectual ou atraso do desenvolvimento psiconeuromotor, acompanhando todo o processo de evolução do indivíduo em cada uma das fases de sua vida e propiciando o desenvolvimento de habilidades e potencialidades que favoreçam sua inserção na sociedade. Para isso, atua em quatro grandes pilares: Prevenir e Promover a Saúde, Inclusão Social, Defesa e Garantia de Direitos e Produção e Disseminação de Conhecimento.
No portfólio da Organização, há projetos como o Emprego Apoiado, que já inseriu no mercado de trabalho mais de 2.300 jovens e adultos com deficiência intelectual desde 2013. Outro serviço de destaque é o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que oferece apoio pedagógico aos alunos com deficiência intelectual que frequentam a escola regular, no contraturno das aulas. Esse serviço teve início em 2010, após o encerramento das atividades da escola especial, com o intuito de promover a inclusão e o pleno desenvolvimento das potencialidades dos alunos.
O Instituto Jô Clemente atua também na orientação jurídica às pessoas com deficiência intelectual e seus familiares, por meio do Núcleo de Defesa e Garantia de Direitos. Todos esses serviços se somam às terapias e atendimentos realizados pelo Serviço de Estimulação e Habilitação, Reabilitação, Ambulatório de Diagnósticos e Serviço de Envelhecimento. Para embasar todos os projetos, o Instituto Jô Clemente conta, há 33 anos, com o CEPI – Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação, que gera e dissemina conhecimento sobre a deficiência intelectual.
O Laboratório do Instituto Jô Clemente, que conquistou o ISO 9001, é o maior do Brasil em número de exames do Teste do Pezinho realizados. Desde 1976, já foram triadas mais de 16 milhões de crianças. Atualmente, a Organização é capaz de fazer a triagem de até 50 doenças metabólicas e imunológicas, com o intuito de prevenir a deficiência intelectual e doenças graves.
O Instituto Jô Clemente conta também com parcerias internacionais, como o projeto “Capacidade Jurídica e Tomada de Decisão Apoiada – Rompendo Paradigmas”, realizado junto à Open Society Foundations, para atuar junto ao Sistema de Justiça, familiares e outros interlocutores, e com as próprias pessoas com deficiência intelectual para garantir que essas pessoas possam tomar decisões e defender seus direitos civis, como casar ou constituir união estável, ter filhos e conservar a fertilidade, exercer o direito à família e à convivência familiar, entre outros.
Ao longo desses 58 anos, o Instituto Jô Clemente se tornou reconhecido pelo pioneirismo, inovação e credibilidade institucional, contando atualmente com cerca de 500 funcionários, além de aproximadamente 300 voluntários comprometidos com a causa da inclusão das pessoas com deficiência intelectual. Atualmente, a Organização conta com 14 pontos de atendimento, sendo quatro unidades próprias, localizadas na Vila Clementino, no Itaim Bibi, em Guaianases e em Interlagos, todas na capital paulista; e dez núcleos descentralizados situados nas regiões do Campo Limpo, Parelheiros, Freguesia do Ó, Capela do Socorro, Pirituba, São Matheus e Itaquera. Ainda presta serviços com o Centro de Apoio Técnico à Pessoa com Deficiência na Delegacia da Pessoa com Deficiência.
Cerca de 2,6 milhões pessoas possuem deficiência intelectual no Brasil
Estima-se que aproximadamente 10% da população mundial tenha algum tipo de deficiência. No Brasil, segundo dados do IBGE, este número representa 45 milhões de pessoas, sendo 2,6 milhões com deficiência intelectual. No Estado de São Paulo, calcula-se que haja nove milhões de pessoas com deficiência, 500 mil delas com deficiência intelectual. “Nosso objetivo é atuar para que essas 2,6 milhões de pessoas com deficiência intelectual tenham oportunidades em uma sociedade plena, inclusiva e acolhedora”, finaliza Cássio.