O uso do celular em sala de aula tem sido debatido com frequência e ainda não chega a ser um consenso entre educadores. Porém, com o avanço de tecnologias e o aumento repentino das aulas remotas, o uso de equipamentos digitais só tem aumentado para fins didáticos. Em 2017, o Comitê Gestor da Internet no Brasil já apontava que 74% dos alunos do Ensino Médio utilizavam, de alguma maneira, o celular nos estudos. A porcentagem era de 56% entre os alunos do Ensino Fundamental II.
“Isso faz sentido à medida que se aumenta a oferta de conteúdos didáticos on-line. Hoje, é muito comum que um aluno que tenha acesso à internet busque conteúdos gratuitos no YouTube, no portal de sua instituição de ensino, ou até mesmo em plataformas voltadas para a distribuição de conteúdo para os alunos”, explica o gerente de Conteúdo Digital e Avaliações da Positivo Soluções Didáticas, Fabricio Cortezi Moura.
Diante dessa realidade, as instituições de ensino têm se adaptado constantemente – e agora, em ritmo acelerado – para disponibilizar conteúdos e proporcionar o processo de aprendizagem em todos os tipos de plataformas de acesso, incluindo o maior número possível de estudantes. “Para isso, é importante analisar a distribuição do acesso à internet via smartphones no Brasil, que já ultrapassa o acesso via computadores pessoais – e isso também contribui para esse impacto na Educação”, expõe Moura.
Com o intuito de alcançar os mais de 180 mil alunos distribuídos no Brasil, a Conquista Solução Educacional disponibilizou um Guia de Estudos on-line para manter o aprendizado durante o isolamento social. Após um mês, a plataforma registrou números que surpreenderam os educadores: 68,8% dos alunos acessaram os roteiros de estudos pelo celular, incluindo anos iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil (crianças entre 1 e 5 anos de idade). No período, foram 3.190.872 visualizações no site www.conquistaguia.com.br.
Para a consultora pedagógica da Conquista, Ana Paula Menezes de Santana, o número alto de acessos via smartphone se dá, principalmente, pela falta de disponibilidade de aparelhos maiores na maioria dos lares. “Nós não esperávamos que o maior acesso fosse pelo celular, principalmente pelo tamanho da tela, mas quando começamos a receber os relatórios, vimos que tinha mais a ver com o público, que muitas vezes não tem computador ou notebook em casa,– e quando tem, os pais estão utilizando para o trabalho, que agora se intensificou via home office”, interpreta a pedagoga.
Uso conjunto do celular e do papel
Uma vantagem mencionada pelos especialistas é a praticidade que o celular proporciona para as crianças. “Nós indicamos atividades para que os alunos façam as atividades no caderno, folhas, qualquer coisa que eles tenham em casa e o celular facilita isso, porque os estudantes podem abrir o arquivo ali no celular e ver na tela o que é pra ser feito e fazer na casa deles”, comenta a pedagoga. “Foi proposto para as crianças um diário de bordo em que elas recebem as atividades via guia e fazemos os desafios no diário físico que elas estão construindo desde o início da quarentena e personalizando do jeito que querem”.
Quezia Carvalho Cristal Paes, mãe da aluna Maria Clara, de 5 anos, que estuda na Escola Crescimento, em Salvador, conta que, apesar de estar sendo uma nova experiência, a filha tem aprendido muito utilizando os materiais pelo celular. “A Maria Clara tem gostado bastante de estudar através do celular utilizando aplicativos e o portal Conquista. Ela não usava aparelhos eletrônicos, apenas esporadicamente para assistir desenhos ou algum joguinho educativo, e agora passou a usar com frequência para estudar. Acredito que têm sido de grande valia e ajuda para as crianças e pais neste momento de pandemia”.