Nos últimos 20 anos, cerca de 24 ataques aconteceram em escolas no Brasil, segundo um levantamento realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Recentemente, ocorreram casos de repercussão nacional em Blumenau (SC) e em São Paulo, na Vila Sônia. Em um momento de tensão gerado por essas situações, o canal de denúncias pode ser uma alternativa para trazer mais segurança no ambiente escolar.
A aplicação do canal de denúncias beneficia tanto escolas públicas quanto as particulares. Enquanto para instituições públicas o Governo Federal lançou um canal de denúncias com foco específico em ataques em escolas, para as particulares a implementação da ferramenta é obrigatória pela Lei 14.457/22, a qual determina a obrigatoriedade do canal de denúncias para qualquer tipo de empresa com mais de 20 colaboradores.
Segundo Cláudio Marson, head de consultoria empresarial e auditoria no Grupo IAUDIT – empresa com mais de 20 anos de experiência com canal de denúncias, background check e compliance –, o canal de denúncias em escolas é essencial para trazer mais segurança: “Tendo em vista que o canal de denúncias garante o anonimato do denunciante, pode criar um ambiente mais seguro para que alunos e docentes não tenham medo de expor possíveis situações de ameaça ou até mesmo assédio dentro das escolas. Em situações como essas, o anonimato é essencial”, comenta ele.
Além disso, o recomendado é que o canal de denúncias seja gerido por uma empresa terceira sem envolvimento direto com nenhum colaborador ou até mesmo estudante, como forma de garantir que ele seja efetivo nas investigações dos casos denunciados.
“Existem opções tanto de denúncias por 0800, por e-mail ou chat próprio para o canal de denúncias e, nesse cenário, quando uma denúncia é feita, seja de um estudante ou colaborador da escola, ela passa por um processo de apuração das informações e, caso necessário, as autoridades podem sim serem acionadas para investigação também”, conta Marson.
Checagem de antecedentes também é alternativa para segurança
Também conhecida como background check, a verificação de antecedentes pode ser uma alternativa para casos como o do professor de uma escola estadual em Blumenau, Santa Catarina, que manifestou apoio ao ataque que ocorreu em uma creche na mesma cidade, afirmando que mataria mais alunos no ocorrido.
Com objetivo de resguardar a equipe e o nome da empresa de episódios como esse, a checagem de antecedentes com o foco em colaboradores de instituições particulares torna-se uma forma de realizar contratações de docentes mais assertivas e alinhadas com os ideais da escola.
“Existem muitos riscos decorrentes de uma má contratação e as organizações brasileiras estão cada vez mais preocupadas com quais pessoas agregam aos times, especialmente em ambientes escolares, cenário em que a verificação pode mitigar o risco de contratação de professores que representem um risco para a instituição”, explica Rodolpho Takahashi, COO no Grupo IAUDIT.
Uma verificação de antecedentes pode ser conduzida de duas maneiras: massificada ou personalizada. A checagem de antecedentes personalizada é mais utilizada para casos de menor volume, no qual a empresa contratante deseja receber um dossiê completo do analisado e, a partir dessas checagens, tomar as decisões necessárias.
Já a checagem massificada é usada para analisar um volume maior de checagens via API, sigla em inglês para Interface de Programação de Aplicações. Nesse processo, se encaixam as empresas que já possuem um sistema de aceite ou recusa de parceiros.
Takahashi esclarece que o formato ideal pode ser personalizado para cada empresa. “Não existe uma forma ideal para contratação, mas sim uma forma ideal para cada empresa. O procedimento acontece de acordo com a necessidade da contratação/vaga, com foco e níveis de detalhamento conforme for preciso”, explica.
O background check traz benefícios como a mitigação de risco jurídico, financeiro e institucional, uma menor rotatividade de colaboradores, assim como a segurança dos times e dos alunos. Takahashi também ressalta os impactos da não realização da checagem. “A decisão de não realizar o background check pode ser um risco assumido pela gestão, porque os impactos podem ocorrer a qualquer momento, mas com a decisão de não utilizar a checagem, não existe controle do tamanho deste risco”, finaliza o COO do Grupo IAUDIT.