O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) no Grande ABC melhorou em relação ao período pré-Covid-19, alcançando média de 56,05 pontos até agosto de 2022, contra 55,26 pontos no biênio 2018/19. No pandêmico período 2020/21, o ICEI baixou para 52,4 pontos.
A ligeira alta do ICEI neste ano foi puxada, também comparativamente a 2018/19, pela melhor avaliação das Condições das Empresas (respectivamente 53,46 e 47,21) e das Expectativas em torno do Desempenho das Empresas (59,9 pontos e 58,77 nos respectivos períodos). Isso se deve à desconfiança em torno do desempenho da economia brasileira e da perspectiva de progresso, negativamente influenciada pelo histórico das últimas décadas. Na pandemia de 2020/21 todas as avaliações caíram (veja gráfico).
Os resultados da Sondagem Industrial (SI) e do Índice de Confiança (ICEI) são elaborados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) em território paulista. A Universidade Metodista de São Paulo, por meio do Observatório Econômico, realiza desde março de 2016 um recorte da pesquisa no Grande ABC. O ICEI regional está levemente menor que o ICEI nacional, que registra em 2022 média de 57,11 pontos até agosto, abaixo da média pré-pandemia em 2018/2019 (58,3).
No escore CNI-FIESP, avaliação de 50 a 100 pontos significa melhora nas expectativas e na confiança, 50 representa indiferença e menos que 50 reflete piora no humor empresarial. Esta é a 18ª edição do Boletim IndústriABC.
Esperança e cautela
A recuperação do nível de confiança dos gestores industriais da região se deve também às Expectativas sobre o Desempenho da Economia (58,43 neste ano ante 58,04 em 2018/19), reflexo das projeções mais otimistas para o PIB brasileiro, que deve crescer entre 2,5% e 3%. Mas o cenário ainda é de cautela, já que houve piora na avaliação das Condições Atuais da Economia (47,13 pontos este ano, contra 49,28 em 2018/19.
Desorganização de grandes cadeias industriais internacionalizadas, escassez de insumos produtivos, aumento de preços no mercado mundial, expectativa de redefinição de um novo modelo produtivo e organizacional nos próximos anos são alguns elementos que impactam o atual momento, segundo professor Sandro Maskio, coordenador de Estudos do Observatório Econômico da Metodista.
“Essa cautela reflete incertezas em relação ao comportamento e perspectivas para a economia brasileira, impactadas tanto pelo contexto global pós-pandemia de retração, como pelas restrições impostas pelas características e estrutura da economia nacional, com sua elevada carga tributária relativa, restrições de mecanismos de financiamento, baixa produtividade e competitividade, entre outros. Melhorar a confiança em torno do quadro da economia nacional é um dos grandes desafios do próximo presidente junto ao setor industrial do País”, afirma o docente.