O diabetes gestacional é uma condição comum e pode resultar em complicações à saúde da mulher e do bebê. Entre as gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, estima-se que 18% delas tenham a doença, de acordo o manual da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Conforme explica a Dra. Mariana Rosario, ginecologista e obstetra, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein, o diabetes gestacional é perigoso tanto durante a gestação, para a mãe e o bebê, quanto na vida futura deles. “Filhos de mães com diabetes gestacional tendem a desenvolver o diabetes tipo 2 no futuro”, alerta a médica. “E mulheres que passam pelo problema numa gravidez podem desenvolvê-lo nas próximas gestações, além de também correrem o risco de ter diabetes tipo 2 futuramente”, completa.
E, conforme informações da Associação Nacional de Atenção ao Diabetes,
mulheres diagnosticadas com Diabetes Gestacional nas primeiras 12 semanas de gravidez apresentaram uma maior incidência de pré-eclâmpsia, parto prematuro, cesariana e icterícia neonatal do que as mulheres diagnosticadas mais tarde na gravidez, apesar do teste precoce e tratamento intensivo. “É preciso entender que quanto mais cedo a mulher desenvolve o diabetes gestacional, mais complicações ela apresentará. Então, se ele for diagnosticado no começo da gestação, ela carregará o problema até o final, com mais chances de desenvolver outras patologias. Por isso, é necessário cuidar-se desde o momento em que se deseja ser mãe, antes da concepção, para ter uma gestação segura”, ensina a médica.
Por que as mulheres desenvolvem o diabetes gestacional?
Durante os nove meses de gestação, o corpo da mãe sofre diversas alterações hormonais. A insulina é o hormônio responsável por colocar a glicose circulante na corrente sanguínea dentro das células. Quando uma mulher tem sobrepeso ou é obesa, é sedentária, alimenta-se de forma incorreta ou tem predisposição ao diabetes, há uma sobrecarga do pâncreas – órgão responsável por fabricar a insulina, que precisa trabalhar muito para manter os níveis ajustados da substância. Nem sempre o esforço do órgão é suficiente e muito açúcar é acumulado na corrente sanguínea, desenvolvendo a diabetes gestacional. “E essa grande quantidade de glicose também chega ao feto, que acaba tendo a vida colocada em risco. Além dos riscos de parto prematuro e icterícia, a insulina passada para ele age como um hormônio anabolizante, fazendo-o crescer além do normal. Com o aumento de insulina no sangue, o bebê também pode apresentar a hipoglicemia neonatal”, completa Dra. Mariana.
Após o parto, no momento em que o cordão umbilical é cortado, o fornecimento de glicose da mãe para a criança é rapidamente interrompido e, como muita insulina foi fabricada, pode-se desenvolver a hipoglicemia, que consiste em uma queda brusca de glicose em circulação. “Alguns bebês chegam a receber glicose na veia, ainda recém-nascidos, para suprir essa necessidade”, conta a médica.
Para a mãe, também existem riscos. É provável que a diabetes volte a acontecer em uma próxima gravidez e, ainda pior, pode se desenvolver, anos depois, para uma diabetes tipo 2, que é uma doença crônica. “Por isso, é necessário haver acompanhamento médico de ambos a vida toda”, orienta Dra. Mariana.
Sintomas e tratamento
O diabetes gestacional deixa clara a importância do pré-natal e de um acompanhamento médico de qualidade, já que demora a apresentar sintomas e só pode ser detectada a partir de exames específicos, como a curva glicêmica, realizados na gestação.
Ainda durante a gravidez, o tratamento para o diabetes gestacional normalmente consiste em um controle alimentar – com uma dieta indicada pelos médicos –, o monitoramento dos níveis de glicemia e também a prática regular de atividades físicas.
Caso isso ainda não seja o suficiente, pode-se ter a necessidade da prescrição de remédios à paciente. Em alguns casos é necessário fazer o uso da insulina.