O distanciamento e isolamento social impostos devido à pandemia do novo coronavírus tem provocado intensas mudanças nos sentimentos e emoções das pessoas. A ansiedade, o estresse e o sofrimento passaram a afligir não só aqueles que já possuíam alguma predisposição, mas também os que tinham uma saúde mental equilibrada. O crescimento desses problemas levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a publicar um relatório pedindo que os governos adotassem medidas que pudessem reduzir o impacto da pandemia na saúde mental da população.
Segundo o PhD em Neuroanatomia e fisioterapeuta Mario Sabha, os seres humanos possuem milhares de estados emocionais que podem se potencializar e provocar dores por todo o corpo. “É comum as pessoas chegarem no consultório e dizerem que não sabem o que estão sentindo, apenas que estão mal e precisam de algum tratamento”, afirma. Sabha explica que vem atendendo, neste período, pacientes com uma série de alterações como a coluna travada, dores musculares, diarreias, má digestão e até crises existenciais. “Cada mente reage ao isolamento de uma forma e isso reflete no corpo todo, sinalizando que algo não está bem”, completa.
Estudo da OMS apontou que mais de um bilhão de pessoas pelo mundo já eram afetadas com doenças neurológicas e, com a mobilidade restrita e o perigo de contaminação nas ruas, problemas como depressão e ansiedade tendem a crescer ainda mais. “Há pessoas que já sentem solidão em um estádio de futebol lotado, imagine em confinamento por mais de quatro meses em casa”, pontua o médico. “A pessoa fica sem saber o que fazer, sente aflição, desespero e seu corpo se conecta à mente – que está em estado de perturbação – resultando em dores variadas e mal-estar”, completa.
Sabha explica que cada pessoa precisa aprender a se sentir bem mesmo estando sozinha, na sua própria companhia, para suportar de forma saudável longos períodos de isolamento social, reconhecendo a necessidade de pedir ajuda, quando for o caso. “Trabalhar, fazer exercícios ou cursos, meditar, conviver mais com a família, ainda que remotamente, e brincar mais com o cachorro, por exemplo, são diversas as formas de se desvencilhar dos sentimentos ruins e de não se sentir incomodado ao estar sozinho. Cabe à pessoa primeiramente identificar e reconhecer o seu problema, para então se reinventar e começar a afastar as dores emocionais e corporais”, aconselha.
O terapeuta da família alerta que este período requer atenção redobrada para evitar compulsões. “Temos que tomar cuidado com vícios e compulsões, como comprar, comer e até trabalhar em excesso, que prejudicam ainda mais nossa mente e nosso corpo. Em casos mais intensos e problemáticos, o melhor é procurar um especialista que cuide da saúde de forma integral”, finaliza.