Em 1º de outubro, são celebrados o Dia Nacional do Idoso e o Dia Internacional da Terceira Idade, que surgem como uma oportunidade de conscientização sobre as necessidades desse público. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o Envelhecimento Saudável como prioridade das suas ações entre 2016 e 2030, e criou um quadro de políticas que enfatiza a necessidade de campanhas de saúde focada em pessoas idosas. O objetivo do programa é incentivar que os idosos desenvolvam e mantenham a capacidade funcional, que os leva ao bem-estar e a participarem mais ativamente na sociedade.
Os idosos, correspondentes ao grupo com 65 anos ou mais, estão na faixa etária de crescimento mais rápido, sendo que as projeções das Nações Unidas preveem que, até 2050, o número será duas vezes maior que a quantidade de crianças menores de cinco anos e ultrapassará o número de jovens com idades entre 15 e 24 anos. Diante desse cenário, Jasmine selecionou dicas da nutricionista da marca, Karla Maciel, para beneficiar a qualidade de vida desse público, de modo a prevenir ou retardar os riscos de doenças comuns nessa faixa etária, como diabetes, doenças respiratórias, neurogenerativas, entre outras. Confira!
As chaves para o envelhecimento saudável
– Comece a desenvolver um estilo de vida equilibrado desde cedo
Com um ciclo de vida mais longo, o risco para desenvolvimento de doenças crônicas aumenta e, com isso, é preciso criar a conscientização da importância de manter um estilo de vida equilibrado o mais cedo possível para viver com maior longevidade e saudabilidade. Em contrapartida, existem alterações fisiológicas no processo de envelhecimento que podem comprometer a alimentação adequada e aumentar a chance de agravos crônicos: a diminuição do apetite e dificuldade de mastigação. “Essa diminuição do apetite acontece por conta da redução da capacidade do estômago e do esvaziamento gástrico, talvez devido às flutuações na produção e secreção de vários entero-hormônios relacionados à saciedade precoce, ou seja, ele consegue tolerar um volume menor de alimento, reduzindo seu consumo alimentar. Por isso, estratégias nutricionais assertivas se tornam essenciais para ajudar este idoso na maior aceitação da comida, além de facilitar sua mastigação e digestão, por meio de alimentos com alta densidade de nutrientes. Esse ajuste na alimentação pode ajudar na redução ou retardo do risco de diversas doenças”, explica a nutri.
– Ajuste a composição de macronutrientes da dieta
Em especial, é preciso se atentar ao consumo de proteínas, uma vez que as necessidades de proteínas aumentam com a idade (0,9–1,1 g/kg) e as reservas são perdidas pelo processo de sarcopenia, que significa a redução da massa muscular decorrente da idade. Isso pode ser ajustado através do aumento da ingestão de carnes mais fáceis de serem digeridas, como aves e peixes, além de leite e laticínios e proteins vegetais, com destaque para aveia, sementes de linhaça e chia, arroz integral e leguminosas (feijão, lentilha etc.).
– Inclua diferentes categorias de alimentos nas refeições como carboidratos, vegetais, frutas e fibras
Aproximadamente 60% da energia deve ser coberta por carboidratos, preferencialmente de fontes como produtos integrais (granolas, cookies, snacks), vegetais, frutas e arroz integral. O consumo diário de frutas e vegetais deve ser de pelo menos 400 g, o que também é essencial para atingir a ingestão diária recomendada de 30–40 g de fibras.
– Prefira a gordura vegetal no lugar da gordura animal
A composição de gorduras deve ser preferencialmente adquiria por óleos vegetais com alta concentração de ácidos graxos poli-insaturados e monoinsaturados, além de alimentos fontes desses ácidos graxos, como a semente de chia e de linhaça, além de peixes magros. “Os estudos revelam que uma dieta que inclua gordura vegetal em vez de gordura animal pode ser benéfica na prevenção da diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, como a Alzheimer”, complementa.
– Acrescente alimentos ricos em vitaminas, minerais e compostos ativos na rotina
Um outro ponto importante, segundo a nutricionista, é sempre escolher alimentos ricos em vitaminas, minerais e compostos ativos presentes, principalmente em vegetais que são essenciais para manter a imunidade fortalecida, reduzir o estresse oxidativo celular e ajudar na redução de inflamação, são eles: sementes em geral, aveia e derivados, cereais integrais, especiarias naturais e chás de plantas naturais.
A alimentação como ferramenta de controle da Diabetes
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional. O estilo de vida como um todo, os hábitos alimentares, a prática de atividades físicas e o consumo de álcool e tabaco podem interferir negativamente no desenvolvimento da doença, que atinge, inclusive, a população mais idosa. Contudo, é possível manter uma dieta equilibrada capaz de preservar o sabor dos alimentos e manter a qualidade de vida do paciente diabético ao mesmo tempo.
“O idoso com diabetes pode manter uma alimentação variada e saborosa, com a escolha de alimentos nutritivos e que controlem o índice e a carga glicêmica, sempre com uma boa proporção de fibras. Estudos recentes mostram que a alimentação semelhante à dieta mediterrânea e outros padrões alimentares saudáveis, ricos em peixes, vegetais, sementes, cereais integrais e frutas, e com teor reduzido de grãos refinados, é uma estratégia eficiente para pacientes com diabetes. Em um estudo no formato de meta-análise, os dados sugeriram que uma alta adesão à dieta mediterrânea ou outra dieta saudável foi associada a um risco reduzido de fragilidade na população mais velha e com diabetes mellitus. Foi relatado que o consumo destes alimentos leva a uma redução de 28% no risco de fragilidade e complicações decorrentes do diabetes (neuropatia, nefropatia etc.)”, detalha.
Outro ponto importante, de acordo com a nutri, é a quantidade de vitaminas e minerais consumidos. Vale lembrar que alimentos ricos do ponto de vista nutricional ajudam no controle da glicemia e na redução do risco de complicações do diabetes. Diversos estudos observacionais investigaram as associações entre o consumo adequado de vitaminas B6, C, E e D e um risco reduzido do comprometimento cognitivo em idosos com diabetes.
A relação entre os alimentos e a capacidade cognitiva
Você sabia que uma dieta saudável pode ajudar a prevenir o declínio cognitivo e a manter o funcionamento cognitivo em pessoas idosas? A ocorrência de demência, além do Alzheimer, aumenta com a idade, duplicando a cada 5 anos após os 65 anos. Estudos mostram que o controle dos fatores de risco modificáveis, aqueles que conseguimos mudar com estilo de vida, pode reduzir a incidência de demência em até 35%.
A nutricionista Karla explica que o papel da vitamina D e das vitaminas do complexo de vitamina B (principalmente vitamina B12, B3 e ácido fólico) foi confirmado pela ciência como um fator protetor para doenças neurodegenerativas. “Enquanto a vitamina D é uma vitamina anti-inflamatória e antioxidante com alta capacidade, as vitaminas do complexo B podem aumentar a produção de determinados neurotransmissores e exercer um efeito antioxidante. As propriedades antioxidantes da vitamina B12 e ácido fólico, por exemplo, são relacionadas aos mecanismos de suporte antioxidante, reduzindo radicais livres em excesso no cérebro”, esclarece. Algumas fontes de vitaminas do complexo B são encontradas em brócolis, peixes, ovos, leite, aveia, cereais integrais e produtos derivados desses cereais, feijão e outras leguminosas, amêndoas, abacate, vegetais verdes-escuros e legumes. “Podemos citar, ainda, os efeitos positivos do consumo de compostos ativos importantes como curcumina, astaxantina, resveratrol, hidroxitirosol, oleuropeína e espermidina (que estão presentes na dieta mediterrânea). Eles demonstraram exercer efeitos benéficos, aumentando a degradação de mitocôndrias danificadas pela regulação positiva dos mediadores da mitocôndria e promovendo a formação de novas mitocôndrias. Esse mecanismo é essencial para o processo de longevidade cerebral, ou seja, ajuda na prevenção de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer”, explica.
Confira 5 dicas da nutri para os cuidados com pacientes diagnosticados com Alzheimer
Para idosos que já apresentam o diagnóstico de Alzheimer, são necessários cuidados específicos com o consumo alimentar, de forma a gerar conforto e a recuperação mental e física do paciente. Confira algumas orientações que podem facilitar o momento das refeições: