Refletir sobre a natureza da Esclerose Múltipla frequentemente leva a equívocos: é mental ou puramente neurológica? Essa percepção equivocada muitas vezes associa a condição a distúrbios mentais, quando sua origem reside exclusivamente no domínio neurológico. Este é apenas um entre os vários mitos que cercam essa enfermidade, afetando cerca de 40 mil no Brasil e 2,8 milhões globalmente. O neurologista especializado em Esclerose Múltipla, Dr. Matheus Wasem, reconhece que a internet, embora repleta de informações, pode confundir as pessoas. Ele destaca a importância de interpretar essas informações, especialmente para pacientes recém-diagnosticados, evitando que o acesso à informação cause mais danos do que benefícios.
Um dos mitos mais comuns é a crença de que a Esclerose Múltipla é contagiosa, mas o Dr. Matheus esclarece que é uma doença neurológica, autoimune e não transmissível. Ele relaciona gatilhos como tabagismo, obesidade, exposição solar e infecções específicas, desmistificando a associação com o vírus Epstein-Barr. Outro equívoco é pensar que a Esclerose Múltipla afeta apenas idosos, quando na verdade tem maior incidência em pessoas jovens, principalmente mulheres entre 20 e 40 anos. Dr. Matheus destaca os fatores de risco, como histórico familiar, baixa exposição solar e outros, desmistificando a associação com a idade avançada.
Desmentindo o mito da falta de tratamento eficaz, o médico explica que, desde 1993, surgiram medicações com alta eficácia para controlar a doença, impedindo sua progressão e o surgimento de novas lesões. “Até o ano de 1993 isso poderia ser uma verdade. Pois em 1993 surgiu a primeira medicação específica para Esclerose Múltipla. Ainda era uma medicação com pouca eficácia. Mas nos últimos anos surgiram diversos tratamentos para Esclerose Múltipla que possuem alta eficácia, ou seja, altas taxas de sucesso em controlar a doença e não deixar que ela evolua, causando novas lesões e novas sequelas neurológicas”, explica o Dr. Matheus Wasem.
Quanto à ideia de que a Esclerose Múltipla leva inevitavelmente à incapacidade total, Dr. Matheus esclarece que hoje em dia existem tratamentos com alto sucesso em controlar a doença, mesmo que ainda não haja remédios para regenerar a bainha de mielina perdida e melhorar as sequelas neurológicas.