Por Dr. Harley De Nicola – médico radiologista intervencionista e Superintendente Médico da FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem)
O mês é marcado pela campanha Novembro Azul, que traz à tona a conscientização sobre o câncer de próstata. Este é o segundo tipo de câncer mais comum entre homens, o primeiro é o câncer de pele tipo não melanoma, e sua descoberta precoce é essencial para um tratamento eficaz e uma maior chance de cura. A importância da realização de exames preventivos, como o toque retal e o PSA (antígeno prostático específico), é amplamente reconhecida, mas o avanço das técnicas de imagem diagnóstica tem se mostrado um aliado fundamental no diagnóstico e acompanhamento dessa doença.
Nos últimos cinco anos, a FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem) realizou mais de 210 mil exames prostáticos (entre 2019 e setembro de 2024). Dentre os métodos mais utilizados, destacam-se o ultrassom prostático abdominal, a biópsia prostática guiada por ultrassonografia, e a ressonância magnética (RM) da próstata, sendo a RM multiparamétrica a técnica mais eficaz para avaliar possíveis lesões suspeitas.
Entretanto, ao analisarmos os dados, percebemos que, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, não há um aumento expressivo na busca por exames de próstata especificamente em novembro. Ainda assim, o mês tem um impacto simbólico, despertando discussões e incentivando a realização de exames, em um público-alvo predominantemente entre 60 e 75 anos, uma faixa etária em que o câncer de próstata é mais incidente.
De acordo com os achados da FIDI, entre 2019 e 2024, 497 exames apresentaram sinais suspeitos de câncer de próstata nos níveis PI-RADS 3, 4 e 5, sendo os dois últimos indicativos de alta e muito alta probabilidade da doença, e reforçam a necessidade de acompanhamento contínuo e a realização de exames complementares para definir a conduta médica, desde o monitoramento até a intervenção terapêutica. PI-RADS é um sistema de classificação padronizado que categoriza lesões em exames de imagem e ajuda na determinação da probabilidade de malignidade, oferecendo um parâmetro essencial na condução de casos suspeitos.
Ao observar os números de exames realizados entre 2023 e 2024, é notável que houve uma leve estabilidade, com uma média de 20 mil exames realizados em ambos os anos no período de janeiro a junho. Contudo, em 2024, verificamos um aumento significativo no número de achados suspeitos de câncer em relação ao ano anterior, com destaque para o mês de abril, quando houve um pico de exames.
A detecção precoce, especialmente em estágios iniciais, é um dos fatores mais importantes na redução da mortalidade por câncer de próstata. A evolução das técnicas de imagem, como a ressonância magnética multiparamétrica, tem revolucionado o diagnóstico, permitindo uma avaliação mais precisa da extensão e agressividade do tumor. Associada a outros métodos como o PSA e o toque retal, essa ferramenta oferece uma visão mais completa para o planejamento terapêutico.
Mesmo com todo esse avanço tecnológico, é importante lembrar que o diagnóstico por imagem é apenas uma etapa no processo de cuidado à saúde masculina. A prevenção e a conscientização continuam sendo os pilares dessa luta. A campanha Novembro Azul não só enfatiza a importância de se fazer os exames regularmente, mas também desmistifica o preconceito que ainda existe em torno do câncer de próstata.
Que este Novembro Azul nos lembre que o cuidado com a saúde começa com a prevenção e que, juntos, podemos enfrentar essa doença com conhecimento e ação.