Os números da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) reforçam o papel do café como um alimento de extrema importância para os brasileiros e seu alto potencial de impacto na saúde. Com um consumo per capita anual de 5,12 kg por habitante, o país ocupa a posição de segundo maior consumidor de café, atrás apenas dos Estados Unidos, mas muitos desconhecem os benefícios da bebida.
Ao longo dos anos, o café já foi tratado como um alimento vilão e também como promotor da saúde e do bem estar. Quando avaliado em conjunto com fatores como sedentarismo e tabagismo, constatou-se que o consumo moderado e regular pode trazer inúmeros benefícios para a saúde.
“A quantidade de cafeína recomendada varia de 50 a 300 mg por dia, o que equivale de três a cinco xícaras de café coado, o que se considera um consumo moderado. O café expresso pode conter o triplo de cafeína. Com uma dieta equilibrada e associado à prática regular de exercícios físicos, a ingestão de café pode potencializar os efeitos benéficos da bebida”, explica a nutricionista Paula Prescendo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Benefícios do consumo moderado e regular
- Contribuição para o aumento da expectativa de vida. Em estudo realizado entre 2009 e 2018 e publicado em 2022 na revista científica Annals of Internal Medicine, especialistas concluíram que o consumo moderado de café estava associado a um risco menor de morte. Bebedores de café são apontados com menor chance de morrer por algumas das principais causas de morte no mundo – as doenças coronárias, os derrames, a diabetes e as doenças renais;
- Redução no risco de diabetes tipo 2. Com o consumo regular, existe a possibilidade de se prevenir a deterioração da função hepática e das células beta durante o estresse metabólico crônico que precede o início do diabetes evidente, como está descrito no artigo “Café e redução do risco de diabetes tipo 2: argumentos para uma relação causal”, elaborado pelo médico alemão Hubert Kolb e colegas, publicado em 2021 na revista Nutrients;
- Redução do risco de doenças neurológicas como o Parkinson e Alzheimer. A cafeína está associada a menor probabilidade de desenvolver Parkinson e pode ajudar no controle dos movimentos. Também pode proporcionar uma proteção significativa contra o desenvolvimento de Alzheimer. A hipótese é que os antioxidantes no café são capazes de diminuir um tipo instável de moléculas de oxigênio que são relacionadas com a doença.
- Proteção do fígado. Seja o café normal ou o descafeinado, segundo pesquisas da Universidade Johns Hopkins, os consumidores de café têm mais probabilidade de ter níveis de enzimas no fígado dentro de uma faixa saudável do que os consumidores que não tomam café;
- Melhoria da memória e da concentração. A cafeína estimula o sistema nervoso central, aumentando o estado de alerta.
- Contribuição para a prevenção do câncer. Os antioxidantes presentes no café possuem atividade quimioprotetora e anticarcinogênica. Beber café pode diminuir em até 26% a probabilidade de desenvolver câncer colorretal, segundo estudos da Universidade Johns Hopkins.
- Melhoria do desempenho em exercícios físicos. Como pré-treino, o café contribui para uma melhor queima de gordura, aumento de energia e resistência.
Perigos do consumo excessivo
O consumo em excesso pode causar efeitos adversos como insônia, ansiedade, dor de cabeça, enxaqueca, tremores nas mãos, aumento da pressão arterial, elevação dos níveis de colesterol, dor de estômago e palpitações. Há registros, inclusive, de maior risco de desenvolvimento de cânceres de bexiga e trato urinário entre homens.
“Gestantes, crianças menores de 12 anos, pessoas com problemas como refluxo, úlceras e gastrite devem evitar a bebida ou limitar o consumo, pois a cafeína pode irritar a mucosa do estômago, assim como aquelas pessoas com problemas de insônia e ansiedade”, alerta a nutricionista.