Uma doença mais comum nas mulheres, que possui fatores de risco e pode ser prevenida ao adotar hábitos mais saudáveis. Essa é a osteoporose, uma doença óssea, caracterizada por diminuição da massa óssea (quantidade de tecido ósseo) e redução da qualidade do osso, com comprometimento da microarquitetura desse tecido. Com principal consequência, causa fraturas mesmo em traumas pequenos, como uma queda durante a caminhada. No dia 20 de outubro foi celebrado o Dia Mundial e Nacional da Osteoporose. O coordenador do Departamento de Reumatologia da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas), o reumatologista Dr. André Marun Lyrio, que também é professor de reumatologia da PUC Campinas, concedeu uma entrevista em que tira várias dúvidas sobre a doença. Confira!
Qual a incidência da osteoporose na população brasileira?
No Brasil, temos poucos estudos epidemiológicos, mas estima-se que, nas mulheres maiores de 50 anos, a incidência de fratura decorrente da osteoporose ao longo da vida possa chegar a 30%. Estimativas apontam que aproximadamente 200 milhões de pessoas no mundo tenham osteoporose.
Quando falamos em fraturas, ganha destaque a fratura de quadril, que leva a sérias consequências, com aproximadamente 50% dos pacientes tornando-se incapazes de uma vida independente e até 30% vão a óbito por complicações no primeiro ano após essa fratura.
Ela é mais comum em um dos sexos? A partir de qual idade ela é mais recorrente?
Ela é mais comum nas mulheres, pois a perda de massa óssea se acelera na época em que os hormônios sexuais (estrogênio, na mulher, e testosterona, no homem) se reduzem significativamente, e isso acontece na época da menopausa na mulher (por volta dos 45 anos) e no homem, por volta dos 70 anos.
Por que ela é mais comum em pessoas idosas?
Normalmente, as pessoas “ganham” osso até os 25 anos de idade, sendo considerada a idade em que conseguimos o pico da massa óssea. Entre 25 e 30 anos de idade, o osso se estabiliza e, a partir desta idade, nós perdemos osso lenta e progressivamente, sendo que, na época em que os hormônios sexuais se reduzem muito, essa perda se acelera. Portanto, é natural que quanto mais velha for uma pessoa, pior será seu osso em quantidade e qualidade. Aqui já conseguimos concluir que, para ter uma saúde óssea de qualidade na idade mais avançada, é preciso ter conseguido um excelente pico de massa óssea quando adulto jovem, e isso é possível com alimentação adequada e atividade física regularmente.
Pessoas mais jovens podem ter osteoporose?
Sim, podem ter, mas em geral, há uma causa importante por trás desse problema, como, por exemplo, o uso de corticoides, doenças intestinais que atrapalhem a absorção de nutrientes, doenças endocrinológicas, dentre outros.
É possível prevenir? De que forma?
A prevenção deve se basear principalmente em atividade física regular e alimentação balanceada, assim como eliminar os fatores de risco modificáveis, como o tabagismo.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pode ser clínico, quando o paciente já apresenta uma fratura por fragilidade óssea, pode ser realizado através de uma ferramenta chamada FRAX, que é um algoritmo para calcular o risco de fratura e, mais comumente, o diagnóstico é realizado através de um exame chamado densitometria óssea. Na ausência de fatores de risco, a densitometria deve ser realizada de rotina em todas as mulheres maiores de 65 anos e homens maiores de 70 anos.
Como é feito o tratamento?
O tratamento é realizado com aporte nutricional adequado, realização de atividade física direcionada e com medicamentos que ajudam a controlar a perda óssea, melhorando assim a qualidade e a quantidade de osso no paciente. Orientações para prevenção de quedas também é fundamental. O objetivo do tratamento é evitar fraturas.
Existem fatores de risco para a doença?
Temos vários fatores de risco, alguns modificáveis e outros, não. Os fatores de risco mais clássicos para osteoporose são: idade, uso de glicocorticoides sistêmicos, sedentarismo, sexo feminino, história de quedas, tabagismo, etilismo, desnutrição (baixo Índice de Massa Corpórea – menor que 18,5 kg/m2), menopausa precoce, fraturas prévias por fragilidade, história familiar de osteoporose.