Alfabetização na Educação Infantil é um tema que sempre gerou muita controvérsia, há os que defendam que sim, mas do outro lado os que acreditam que não se deve alfabetizar crianças tão pequenas.
Primeiramente, é importante recordar que a Educação Infantil corresponde à primeira etapa da Educação Básica destinada a crianças de zero aos cinco anos, fase marcada por seus muitos desenvolvimentos e descobertas. Nesse momento, os pequenos aprendem a andar, falar, correr, saltar, arremessar, cantar, contar história, etc. Seus processos mentais e psicológicos se ampliam e se estabelecem com muita notoriedade, além de todos os aspectos sociais fortemente trabalhados.
O pensar sobre alfabetizar ou não na Educação Infantil deve partir da ideia do que significa essa ação e se ela está ou não ligada a outros aprendizados imprescindíveis para o desenvolvimento da criança. Para tanto, imagine algumas das propostas pedagógicas comumente realizadas no dia a dia dessa fase de ensino, como: a roda de conversas, o momento de ouvir histórias, as muitas cantigas que acompanham e auxiliam na organização da rotina, os nomes das crianças marcando o lugar de seus pertences, o manuseio de livros no “Cantinho da Leitura”, entre outras. Todas as citadas e muitas mais tratam do elemento central da alfabetização, que é a língua, porém não abordam diretamente o ato de alfabetizar, mas provêm subsídios para que a criança, no momento certo, possa usá-los.
Isso gera outra indagação sobre qual é o momento certo para ocorrer a alfabetização. A sistematização para a alfabetização deve iniciar no primeiro ano do ensino fundamental, aos seis anos da criança, mas isso não significa que todas começarão a ler nessa idade, têm àquelas que antes já iniciam a ler e outras que só lerão com sete ou oito anos. Isso tudo porque a alfabetização além de necessitar de estímulo, necessita de maturidade cerebral para tal.
O período que ocorre aproximadamente entre os dois aos sete anos é defendido por Jean Piaget como pré-operacional, é nele que se desenvolve a imaginação, a memória e a representação simbólica. A língua nos seus dois tipos de manifestação (falada ou escrita) é toda formulada por representação simbólica, já que, por exemplo, ao se falar ou escrever a palavra MAÇÃ o que se faz é representar a fruta simbolicamente. A abstração da escrita não acaba aí, ao ver cada símbolo (códigos ou letras) a criança precisa reconhecê-lo como tal e saber qual é o som que ele representa.
Isto posto, todas as formas de trabalho com a língua escrita ou falada na Educação Infantil são muito bem-vindas para o estímulo à criança à alfabetização. Porém, é fundamental que todo educador tenha clareza que não é nessa fase que o pequeno será alfabetizado, mas sim, é imprescindível o reconhecimento da ampla contribuição que todas essas propostas de envolvimento com a língua trarão ao letramento dele.
Autora: Viviane Schueda Stacheski é mestre em Ciências Humanas e professora do curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional Uninter.