Mauá marca um novo capítulo na luta por memória, território e identidade dos povos originários com a inauguração da Oka de Saberes e Memórias Indígenas, o primeiro centro dedicado à cultura indígena no ABC Paulista. A abertura acontece em 19 de abril, Dia Nacional dos Povos Indígenas, no Parque da Gruta Santa Luzia, e conta com uma programação extensa que inclui exposição, formação, vivências culturais, oficinas, trilhas e feira de livros de autores indígenas.

Coordenada pelo Coletivo do Povo Guayana-Muiramomi em parceria com o Nhande Vaeté ABC, a Oka surge como resposta a uma demanda histórica do movimento indígena multiétnico urbano da região. À frente do projeto estão a artesã Maura Akã Mbareté e a socióloga, escritora e ativista Silvia Muiramomi, ambas representantes do povo Guayana-Muiramomi, nativo do ABC.

Silvia destaca que a Oka materializa um gesto ancestral de cura coletiva. “Celebrar a memória de Tibiriça, Piqueroby e Caiubi, a história da ocupação territorial do ABC Paulista sob a cosmopercepção de seus povos nativos originários é curar toda nossa raiz ancestral e honra-lá! Mas também é cumprir a Lei 11645/2008 criando esses espaços de diálogo e preservação das culturas.”

A programação contempla oficinas de cerâmica, tradições orais, genealogia indígena, trilhas guiadas, palestras, apresentações de música e dança tradicional, além da exibição do documentário Rios Indígenas de Santo André e uma mostra dedicada aos povos nativos e migrantes que hoje habitam o ABC. A exposição Povos da Terra, aberta desde 5 de abril, reúne expressões artísticas dos Guayana-Muiramomi, Guarani Mbya e outras etnias migrantes, e segue até o fim de maio.

Como parte das atividades do mês, os alunos da Fundação CASA de Mauá também se somam à celebração. Orientados por educadores da rede estadual e do Centro de Atendimento, os jovens produziram, no dia 11 de abril, desenhos, mapas e trabalhos integrando conteúdos de história, geografia e ciências. As atividades permitiram o contato com o Artigo 231 da Constituição Federal, que reconhece a organização social, costumes, línguas e crenças dos povos indígenas. Os materiais produzidos serão incorporados à mostra da Oka, ampliando a reflexão e o diálogo intergeracional.

Viabilizada com recursos da Lei Paulo Gustavo e da Política Nacional Aldir Blanc, por meio de edital de 2024, a Oka também conta com o apoio das Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Cultura e da Cidade Educadora de Mauá. Fruto de uma construção coletiva que se estende por mais de um ano, o espaço representa um avanço na política cultural de reconhecimento dos povos originários.

Com a criação da Oka de Saberes e Memórias Indígenas, Mauá se torna referência nacional em ações culturais voltadas às populações indígenas urbanas, promovendo educação antirracista, reconhecimento ancestral e fortalecimento das identidades originárias no coração da metrópole.

Serviço
O quê: Inauguração da Oka de Saberes e Memórias Indígenas e programação especial do mês dos povos originários
Quando: A partir de 19 de abril de 2025, de quinta a domingo, das 9h às 15h
Onde: Parque da Gruta Santa Luzia — Rua Luzia da Silva Itabaiana, 101, Jardim Itapeva, Mauá – SP
Exposição Povos da Terra: Aberta até o fim de maio
Entrada gratuita