A obesidade é uma preocupação mundial. Tanto que ganhou um dia para alertar sobre o problema. 11 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Obesidade e o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Classificada como uma doença e considerada uma epidemia global, ela caracteriza-se pelo acúmulo de gordura no corpo. É a causa ou o motivo de agravamento de diversas outras doenças, que reduzem a qualidade de vida, diminuem a expectativa de vida e até podem levar à morte. O cirurgião bariátrico Dr. Admar Concon Filho, do Departamento Científico de Endoscopia da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas), explica melhor o que é a doença, quais problemas ela pode causar e como é o tratamento.
O que causa a obesidade?
Basicamente, ela é causada por um desequilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto corporal de energia, ou seja, se você consome mais calorias do que gasta, vai acumular gordura. Mas o que causa essa vontade de comer além do que necessitamos? A pessoa obesa, na maioria das vezes, possui uma disfunção no hipotálamo, uma região do cérebro responsável por equilibrar as funções internas, principalmente dos sistemas nervoso e endócrino, e o ambiente. É a região que regula a fome e a saciedade. Portanto, quando há um desequilíbrio, o indivíduo demora mais para perceber que já está satisfeito, o que o leva a comer muito mais que o necessário. Isso mostra que a obesidade não é desleixo e nem falta de força de vontade.
Quando uma pessoa é considerada obesa?
Para saber se uma pessoa é obesa, não podemos considerar apenas o seu peso. É necessário avaliar a proporção entre seu peso e sua altura. Isso é feito através do IMC (Índice de Massa Corpórea), que é o peso dividido pela altura ao quadrado. Se o resultado for acima de 25, a pessoa está com sobrepeso. Acima de 30, com obesidade grau 1; acima de 35, com obesidade grau 2 e, acima de 40, com obesidade grau 3. A obesidade é preocupante em todos os estágios, mas, obviamente, quanto maior o IMC, mais grave a situação.
Por que a obesidade é tão preocupante?
A obesidade, por si só, é uma doença. Então, não existe “gordinho saudável”. Se a pessoa é obesa, ela já é uma pessoa doente. E, como se não bastasse, a obesidade causa e agrava outras doenças, que podem levar à morte. A lista de comorbidades é grande, mas vou citar apenas as principais para que você possa entender o quanto estar acima do peso é prejudicial à saúde.
Entre as doenças causadas ou agravadas pela obesidade, estão hipertensão arterial; apneia do sono; dislipidemia (aumento do colesterol ou do triglicérides), que leva à síndrome metabólica; a esteatose hepática (gordura no fígado), que, em casos graves, pode levar a uma hepatite chamada esteato-hepatite; problemas osteoarticulares, como hérnias de discos, protrusão discal, dores articulares; problemas de articulação dos joelhos, como c atia patelar; e problemas nos pés, como a fascite plantar.
Temos, ainda, outros problemas, como o diabetes mellitus, uma das doenças mais graves que existem. As doenças metabólicas, como o diabetes, também causam complicações na microcirculação, que podem levar a doenças cardiovasculares, como anginas, infartos, derrames, ou, ainda, a alterações renais, como a nefropatia.
A obesidade tem cura? Como tratá-la?
A obesidade não tem cura, mas tem tratamento. Há tratamentos clínicos, endoscópicos e cirúrgicos, de acordo com o grau da obesidade e com as características de cada pessoa. Independentemente do tratamento indicado (sempre por um profissional da área de saúde), ele precisará ser feito por toda a vida. Mudanças na alimentação e uma rotina de atividades físicas são primordiais para o sucesso de cada um desses tratamentos. Portanto, tratar a obesidade implica em uma mudança de vida do paciente. Não há milagres, mas há tratamento. Procure um médico e não fique adiando o começo. A situação só tende a agravar.