A formação de uma sociedade empresarial é sempre um assunto delicado no mundo do empreendedorismo. No melhor dos cenários, uma sociedade pode dar muito certo – sem conflitos, com ótimos resultados operacionais e com ganhos financeiros para todos os envolvidos. No pior, pode dar tudo errado, com desdobramentos que incluem problemas de relacionamento, retorno abaixo do esperado e prejuízos econômicos, culminando com brigas e até disputas judiciais.
Para evitar que uma parceria que começou com um sonho acabe se tornando um pesadelo, o empreendedor precisa tomar alguns cuidados. Segundo o empresário Leonardo Castelo, vencedor da categoria Emerging na 21ª edição do Prêmio Empreendedor do Ano, considerado o Oscar do empreendedorismo, realizado pela Ernst & Young (EY), uma das líderes globais de serviços de consultoria empresarial, e Presidente da 300 Franchising, a maior aceleradora de franquias do País, a análise do perfil do potencial sócio deve ser feita com muita atenção. Sócio em mais de 80 franqueadoras, Castelo conhece bem os caminhos para a construção de uma sociedade duradoura e de sucesso.
“A gente tem que evitar de errar na escolha das pessoas”, explica o empresário. “Não existe pessoa ruim. Existe pessoa errada no momento errado, pessoa errada na empresa errada. Ou seja, são ‘pessoas erradas’ por não acreditarem nas mesmas coisas e nos mesmos valores que os sócios”.
Castelo enumera sete dicas para garantir que uma sociedade seja bem-sucedida, trazendo frutos positivos para os envolvidos no negócio. Confira:
Alinhamento de propósito e valores
Não há problema em os sócios terem visões diferentes sobre o negócio. “O importante é ambos estarem olhando para o mesmo lado”, diz Castelo. Entretanto, os sócios precisam estar alinhados em relação a propósitos e valores como velocidade, humildade e resiliência, essenciais para o desenvolvimento e amadurecimento de um empreendimento.
Definição clara de responsabilidades, direitos e deveres
O acordo dos acionistas e o contrato social devem ter todos os papeis descritos de forma muito clara. “Não é perda de tempo, é investir tempo”, comenta Castelo. “O Abílio Diniz tem uma frase: ‘prefiro brigar antes de assinar um contrato do que brigar depois’. E faz todo sentido.”
Alinhamento de expectativas
Além das questões formais, os sócios também precisam estar de acordo em relação ao que esperam um do outro, em aspectos como previsão de resultados, expansão do negócio, capacidade de investimento financeiro etc.
Complementariedade
Sócios que têm competências diferentes e complementares somam mais ao negócio do que sócios com características semelhantes. “Todo empresário tem de ter visão estratégica”, explica Castelo. “É importante que o sócio tenha sua própria visão estratégica e seja melhor do que eu em algum aspecto. Não adianta entrar em sociedade se, do lado de lá, o sócio tem o mesmo tipo de visão do que eu.”
Alinhamento comportamental
Parceiros de negócios têm de estar alinhados em relação ao comportamento que esperam de quem está do outro lado. Neste aspecto, ganham importância temas como dedicação de tempo ao negócio e modo de comunicação e relacionamento interpessoal. “São essas variáveis que, no longo prazo, fazem com que se construa uma relação equilibrada”, diz Castelo.
Admiração recíproca
Uma relação entre sócios funciona melhor quando os componentes de uma sociedade nutrem admiração um pelo outro. Com isso, eventuais erros são melhor entendidos como parte do processo de amadurecimento do negócio, sem que as relações sejam estremecidas. “Ninguém joga na cara quando o outro erra. Toda vez que se erra é tentando acertar”, comenta Castelo. “A gente faz muito teste rápido. E mais erra do que acerta. A cada 10 erros, temos um acerto. Mas, quando algo dá certo, você já sabe as outras nove coisas que não dão certo. E fica mais fácil para corrigir rumos.”
Contratação de pessoas alinhadas com os mesmos propósitos
Não adianta os sócios estarem plenamente alinhados em todos os aspectos se as pessoas que formarão as equipes de trabalho não estiverem também alinhadas. “Devemos procurar contratar pessoas que estejam alinhadas com o nosso propósito e os nossos sonhos”, argumenta o CEO da 300 Franchising. “A coisa mais errada que pode acontecer é, depois de 60 dias na equipe, a pessoa dizer que não acredita no projeto ou não acredita no mesmo sonho dos empreendedores”.