Todos os dias, cerca de 4 mil de indivíduos perdem a vida em razão da tuberculose, enquanto outros quase 10 milhões sofrem com ela, principalmente nos países em desenvolvimento. De acordo com o pneumologista Valter Eduardo Kusnir, da Santa Casa de Mauá, em tempos de Covid é difícil estimar o número de atendimentos por tuberculose, mas em períodos normais, com a demora do diagnóstico, o número de casos varia de 3 a 5% dos atendimentos.
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada por uma micobactéria, a Mycobacterium tuberculosis. Pode ser de vários tipos que variam de acordo com a parte do corpo em que se manifesta: pulmonar – mais frequente e extrapulmonar – que atinge outros locais do organismo, podem ser miliar – mais grave, quando o bacilo chega a outros órgãos, além do pulmão, com risco de meningite; óssea – pouco comum, quando o bacilo penetra e se desenvolve nos ossos, provocando dor e inflamação; ganglionar – quando o bacilo entra no sistema linfático e atinge os gânglios do tórax, virilha, abdômen ou pescoço; pleural – quando o bacilo atinge a pleura – tecido que reveste os pulmões causando dor e dificuldade em respirar. Existem ainda outros tipos que podem atingir o trato geniturinário e meninge.
A transmissão da tuberculose pode acontecer pelo ar, pela inspiração de gotículas infectada e só acontece se houver comprometimento pulmonar e até 15 dias após o início do tratamento. As pessoas que possuem o sistema imune comprometido por doenças ou devido à idade, que fumam ou consumem drogas possuem mais chances de serem infectadas pelo bacilo da tuberculose e desenvolverem a doença.
Entre os principais sintomas estão tosse forte e frequente por mais de duas semanas; presença de catarro, que dependendo do tempo de evolução e gravidade pode conter sangue; febre, com predominância, em muitos casos, no período vespertino; falta de ar; cansaço; dor no peito; perda de apetite e peso.
O diagnóstico do tipo pulmonar é feito pelo exame do escarro com o resultado positivo na pesquisa do bacilo da tuberculose, também chamado de pesquisa de BAAR (Bacilo Álcool-Ácido Resistente). Já a extrapulmonar é diagnosticada pela biópsia do tecido afetado ou teste cutâneo de tuberculina, conhecido também por teste de Mantoux ou PPD, que é negativo em 1/3 dos pacientes.
Segundo o pneumologista, a tuberculose tem cura, mas a demora no diagnóstico acaba prejudicando o sucesso do tratamento, já que alguns sintomas são comuns à outras doenças respiratórias, como a Covid. “O tratamento é longo, dura cerca de seis meses, mas muitos pacientes o abandonam por sentir que estão melhores e algum tempo depois a doença retorna ainda mais agravada”, alerta.
Geralmente, no tratamento são ministrados três medicamentos que devem ser ingeridos de acordo com indicação médica, por um período de até 3 meses após o diagnóstico. A evolução do quadro, resposta aos medicamentos, presença de alergia ou efeitos colaterais, ajudarão o médico decidir quais associações serão indicadas nas próximas fases.
A prevenção pode ser feita por meio da vacina BCG – Bacilo de Calmette e Guérin, aplicada em crianças e bebês, que deixa uma marca na altura do ombro, que serve como comprovante da imunização contra à tuberculose. Outra forma de prevenção inclui os cuidados em todas doenças contagiosas respiratórias, como evitar aglomerações e manter os ambientes bem arejados.
“Vale lembrar que a tuberculose como outras doenças respiratórias é mais frequente no período de meses frios, onde há aglomeração entre as pessoas e os ambientes públicos tendem a se manterem com menor circulação de ar”, orienta.