A pandemia da Covid-19 está desencadeando diversos problemas de saúde e entre os mais preocupantes estão os mentais e o estresse. De acordo com o dermatologista Antônio Lui, do Hospital Santa Casa de Mauá, os pacientes com vitiligo devem estar atentos, já que a tensão causada pelo isolamento social pode desencadear ou agravar picos da doença.
O vitiligo atinge 1% da população mundial e 0,5% da brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Não é contagioso, não causa prejuízos físicos, mas provoca a despigmentação da pele, podendo afetar a saúde emocional.
A doença ocorre a partir da diminuição ou ausência de melanócitos – células que formam a melanina (pigmento que dá cor à pele e protege da radiação solar). Pode surgir em qualquer idade, sendo mais comum na segunda e terceira décadas da vida. A causa não é certa, porém estudos mostram relação com fenômenos autoimunes – produção indevida de anticorpos e linfócitos T contra os melanócitos; alterações ou traumas emocionais que podem desencadear ou agravar a doença e fatores genéticos, já que 30% dos pacientes têm histórico familiar.
O vitiligo causa lesões cutâneas de hipopigmentação – manchas brancas em diversos lugares, com tamanhos diferentes. Alguns pacientes podem sentir sensibilidade e dor na área afetada.
O diagnóstico é clínico, uma vez que as manchas são bem características. Em alguns casos, o especialista pode solicitar uma biópsia cutânea, a qual revelará a ausência completa de melanócitos nas áreas afetadas. Já o exame com lâmpada de Wood pode ajudar na detecção da doença em pacientes de pele branca.
Pode ser de dois tipos: segmentar ou unilateral – que se manifesta apenas em uma parte do corpo, pelos e cabelos e não segmentar ou bilateral – o mais comum, que se manifesta nos dois lados do corpo, inicialmente em extremidades como mãos, pés, nariz e boca.
“O vitiligo manifesta-se em períodos, nos quais há perda de cor e desenvolvimento, podendo ocorrer períodos de estagnação. Os ciclos ocorrem ao longo da vida e as áreas despigmentadas podem ficar maiores com o tempo. Infelizmente ainda não é possível falar em cura do vitiligo, mas o tratamento é bem variado e será aplicado de acordo com o quadro clínico do paciente, com excelente controle terapêutico”, explica o dermatologista Antônio Lui.
Uma das opções são aquelas à base de medicamentos que induzem à repigmentação das regiões afetadas derivados de vitamina D e corticosteroides. A fototerapia com radiação ultravioleta A ou B, oferece boa recuperação, especialmente nas lesões da face e tronco, o ideal que seja feita de duas a três vezes por semana durante o período de 6 a 12 a meses.
Outros tratamentos estão ligados ao laser, técnicas cirúrgicas, enxertos e transplante de melanócitos. “Há muitas pesquisas em andamento. O paciente precisa estar atento com os tratamentos milagrosos, pois podem levar a uma frustração, gerar reações adversas graves, além de desencadear uma crise, piorando ainda mais o quadro”, alerta o médico.
A despigmentação total deve ser considerada em último caso, com mais de 50% do corpo afetado e tratamentos convencionais sem eficácia. A despigmentação é permanente e deixa a pele exposta aos efeitos dos raios solares.
Diversos hábitos comportamentais podem ajudar na estabilização e controle da patologia, como usar roupas confortáveis e que não apertem nem causem atrito com a pele, diminuir a exposição solar e controlar o estresse ajudam muito na estabilização, além do acompanhamento com um psicólogo.
O Hospital Santa Casa de Mauá acaba de completar 55 anos de fundação e está localizado na Avenida Dom José Gaspar, 1374 – Vila Assis – Mauá – fone (11) 2198-8300. https://santacasamaua.org.br/