A perda auditiva induzida pelo envelhecimento, também conhecida como presbiacusia, pode acontecer em qualquer pessoa a partir dos 45 anos, quando a cóclea, que é nosso órgão de audição, começa a sofrer uma degeneração natural. Apesar de haver exceções, grande parte das pessoas com mais de 60 anos apresenta algum grau de perda auditiva. O diagnóstico deve ser feito precocemente porque já existem estudos que apontam que a perda auditiva está relacionada a demência.
De acordo com a otorrinolaringologista da Surgical Medicina Integrada, Vanessa Rocha, formada pela Unicamp, é muito importante detectar de forma precoce a perda auditiva e usar o aparelho auditivo, se for necessário. “Já há vários estudos hoje na literatura que associam perda de audição com demência, que é a redução lenta e progressiva da memória, pensamento, juízo e capacidade de aprendizado. Isso acontece porque, quando tem dificuldade para ouvir, o idoso não interage mais com o ambiente externo, não consegue mais participar de conversas, acaba ficando isolado e retraído”, explica. “Uma pessoa com perda auditiva deixa de receber muitos estímulos, além da voz em si. Ela não ouve mais os sons do ambiente, barulho de outras pessoas, de animais e da natureza, por exemplo. Portanto, se fizermos o diagnóstico precoce, intervir e tratar, é uma forma de prevenir a demência”, completa.
Muitos idosos relutam em procurar atendimento médico logo que começam a ter perda auditiva, até por preconceito em usar o aparelho. “Usar o aparelho é como usar óculos. Os óculos nos ajudam a enxergar melhor e o aparelhinho nos ajuda a ouvir melhor”, compara a médica. “Quando usamos o aparelho auditivo de forma regular, todos os dias, o paciente começa a entender melhor as palavras e os sons do dia a dia”, comenta Vanessa. De acordo com ela, o AASI (aparelho de amplificação sonora individual) é indicado aos pacientes com perda de audição mais acentuada e, principalmente, quando associada ao zumbido.
A reabilitação da audição proporciona diversos benefícios. Entre eles, estão a redução do isolamento social e dos sinais de depressão, a melhora da memória a curto prazo e também a melhora da função executiva.
Segundo Vanessa, pessoas com antecedentes familiares ou que possuem uma genética favorável à perda de audição costumam apresentar o problema de forma mais precoce. A perda auditiva é diagnosticada com um exame chamado audiometria completa, que deve ser feito por todas as pessoas a partir dos 45 anos. “A partir do exame, que é aquele da cabine, em que o paciente responde, levanta uma mão, levanta a outra, de acordo com o que ele está escutando, a gente consegue entender se a audição dele é normal ou não”, explica.